quinta-feira, 30 de abril de 2015

Cientistas apresentam técnicas para melhorar rendimento intelectual

A estimulação cerebral com eletrodos aplicada sem dor será uma prática habitual em dez anos para melhorar o rendimento intelectual e a implantação de chips no cérebro permitirá que deficientes escrevam com a mente e se curem de algumas doenças neurológicas.
Esses são alguns dos avanços nos quais trabalham os neurocientistas. Alguns deles estiveram no evento sobre estimulação cerebral B Debate, realizado na cidade de Barcelona.
Segundo os especialistas, a estimulação cerebral sem dor através de eletrodos poderá melhorar o rendimento mental das pessoas, assim como o café ou outras bebidas energéticas, e poderão inclusive estimular com padrões personalizados.
Entre os avanços próximos para pacientes com paralisias estão "poder escrever mensagens de texto e controlar outros dispositivos com o implante de um chip no cérebro", explicou a neurocientista Mavi Sánchez Vives.
Além disso, os chips "poderão registrar a atividade cerebral, analisá-la em linha e escrever pensamentos e até mesmo navegar 'online'".
De acordo com Sánchez, a neuroestimulação elétrica de determinadas regiões do cérebro já mostrou benefícios ao tratar os sintomas de depressão, bloquear os ataques de epilepsia, induzir a recuperação de um acidente vascular cerebral e controlar os tremores do Parkinson.
Ao longo dos próximos dez anos também haverá o avanço das próteses sensoriais e visuais, que gerarão estímulos na crosta cerebral e poderão proporcionar informação visual a cegos.
A cientista se mostrou a favor do uso de aplicativos móveis para controlar atividades cerebrais como o sonho, mas alertou que "é preciso ir com cuidado em relação às estimulações no cérebro, já que não se sabem os efeitos a médio e longo prazo".
Na opinião de Sánchez, a vida dos pacientes com paralisias ou doenças que não os permitem se comunicar com o exterior "pode melhorar muito ao longo destes anos".
A especialista diferenciou dois tipos de tecnologia aplicáveis: a não invasiva, que pode ser utilizada para uso lúdico, já que não envolve afetação ao cérebro; e a invasiva, que requer neurocirurgia e "só é justificada no caso de pacientes".

Fonte: Epoca

terça-feira, 28 de abril de 2015

Menino que aguarda tratamento com canabidiol tem 30 convulsões por dia

"Não dá mais para esperar". A frase é um desabafo da dona de casa Jamara Rodrigues da Silva, de 26 anos, que luta desde janeiro na Justiça pelo direito do Estado conceder ao seu filho de 3 anos, Antônio Davi Manasfi, o canabidiol, medicamento à base de maconha, que pode ajudar no tratamento da criança que sofre com a Síndrome de West, um tipo raro de epilepsia e que faz o menino apresentar crises refratárias.
A mãe conta que Davi chega a ter 30 convulsões por dia e conseguiu, através de uma liminar, que o Estado concedesse o canabidiol, mas até o dia 9 de abril, prazo final determinado pela Justiça, a Saúde não conseguiu adquirir o medicamento.
Davi contraiu a síndrome aos nove meses de idade quando teve uma sucessão de febres e, em uma das internações, teve parada respiratória. "Foi a partir daí que ele adquiriu a síndrome. Como aqui não conseguiam descobrir o que era, viajei para Porto Velho (RO), onde um neurocirurgião me confirmou a doença e me explicou como seria a partir dali", conta.
O garoto tem em torno de 30 convulsões diárias que apresentam diferentes características, segundo a mãe. Uma delas consiste em esticar uma das pernas, tem espasmos e, a mais grave, quando ele apresenta dificuldades para respirar. "Essa é a mais grave e é a que mais demora. O pior de tudo para mim são as crises e esse remédio com certeza diminuiria", acredita.

Deitado em um quarto durante grande parte do dia, pois o calor o deixa agitado, Davi não fala, não anda e não consegue se alimentar. A comida precisa ser batida e peneirada, em seguida chega ao estômago de Davi através de uma sonda, que fica na sua barriga. O médico que atende o garoto não fica em Rio Branco, mas apresentou laudo à Justiça informando os tratamentos ao qual o menino foi submetido.
Após destacar o insucesso de todos os medicamentos, foi prescrito ao garoto o canabidiol em dezembro de 2014. Logo no dia 14 de janeiro, a Anvisa retirou o medicamento da lista de proibidos e reclassificou a substância como de uso controlado, sendo necessária, para isso, uma autorização da Anvisa para a importação do canabidiol, que não é produzido no Brasil.
Para a família, a utilização do medicamento é a única esperança de melhorar a qualidade de vida de Davi. "Não dá mais para esperar. Me apeguei a esse remédio, tenho certeza que as crises serão controladas. O meu sonho não é ver meu filho correndo ou falando, mas sim sem dar essas crises. Porque a minha maior dor é vê-lo assim", destaca Jamara.
A defensora pública, responsável pelo mandado de segurança contra o Estado, Juliana Zanotti, explica que ficou sabendo do caso e que tomou todas as medidas para que o garoto recebesse o medicamento pela Secretaria de Saúde. 

"Nós pedimos, até por questão de formalidade, o medicamento ao Estado do Acre. O pedido foi negado sob a alegação de que o canabidiol não consta na lista do SUS. Me interei sobre o assunto, tomei à frente, e consegui agilizar a autorização da Anvisa", explica.
Juliana ressalta ainda que é necessário, ao ingressar com uma ação como essa, já ter em mãos a autorização da Anvisa, o que agiliza o processo.  A defensora diz que esse é o primeiro caso de solicitação da substância no estado e também é a primeira vez que o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) teve oportunidade de se posicionar sobre o assunto.
"Por não ter nenhum precedente no estado, não sabíamos como seria. Isso vai servir como base para outras famílias. Fiquei bastante contente com essa ação. Não entendo o preconceito existente pelos próprios médicos, pois são poucos que prescrevem. E o canabidiol realmente é a saída encontrada por essas famílias", pontua.
Sobre a celeridade e urgência de como o processo deve ser conduzido, Juliana acredita que é uma questão humanitária e que precisa ser resolvida o mais rápido possível. “Um dia para quem está saudável não é nada, mas para alguém que está acometido por uma doença, como o Davi, é muito tempo”, finaliza.

Decisão do Pleno Tribunal

Os membros do Tribunal Pleno Jurisdicional do Acre decidiram por unanimidade conceder a segurança para fornecimento do medicamento, na quinta-feira (23). O relator, desembargador Francisco Djalma, destacou em um de seus argumentos.
“É indispensável ressaltar que o direito à saúde não se limita ao que se encontra previsto no texto constitucional, tem sentido mais nobre, fundado no princípio da dignidade da pessoa humana, um dos pilares do Estado Constitucional Democrático de Direito, que se relaciona com as condições materiais mínimas de subsistência”, ressalta.
Ficou decido por fim, a multa diária coercitiva de R$ 1 mil, caso não seja cumprida a decisão.

Fonte: G1

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Anvisa aprova regras para importar remédios com canabidiol

 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou na quarta-feira, 22 de abril, regras que facilitam a importação de medicamentos que tenham como princípio ativo o canabidiol, um dos derivados da maconha.
A principal alteração é  que deixa de exigir um pedido de autorização novo para cada importação, mas o cadastro na Anvisa deverá ser renovado a cada ano.
As mudanças que constam da nova resolução vieram depois de um ano da aprovação de importação de produtos com canabidiol no País. Nesse período, a Anvisa analisou o processo e teve reuniões periódicas com as famílias de pacientes que usam os medicamentos. Em janeiro, foi liberado oficialmente o uso desse tipo de produto para uso medicinal.
O cadastro permitirá que as famílias façam a importação do produto sem precisar apresentar o pedido à Anvisa todas as vezes. Ele só precisará ser renovado anualmente, com a apresentação de um laudo médico mostrando a manutenção do quadro médico que exige o uso do medicamento e uma nova receita. Outra mudança é que a compra no exterior não precisará ser feita de uma vez só. Se por questões financeiras a família, mesmo tendo uma receita de vários lotes, preferir fazer várias compras, poderá fazê-lo.
A resolução também permitirá que a importação passe a ser feita por associações de parentes de usuários, em vez de exigir, como hoje, que cada família faça o seu pedido.
A associação não poderá vender o produto, o que é proibido no Brasil, mas poderá reunir famílias que precisam do mesmo medicamento e fazer apenas um mesmo pedido, diminuindo custos e a burocracia envolvida na importação. A autorização, no entanto, continua a ser individual por paciente.
A Anvisa também deixou claro que entidades hospitalares, governamentais ligadas à saúde e planos de saúde poderão fazer também a importação, para atender seus pacientes. Essa possibilidade não estava clara na resolução anterior.
A agência preparou uma lista de produtos que se enquadram nas regras para uso médico no Brasil - entre elas, ter teor de THC, que tem efeito psicoativo, menor do que o de canabidiol e ter registro em seu país de origem - e que poderão ser importados dentro dessas novas regras. De acordo com a assessoria da Anvisa, eles representam 95% dos medicamentos desse tipo importados hoje.
Apesar das mudanças, um dos principais entraves para as famílias que necessitam dos produtos, as taxas de importação, não devem mudar - podem diminuir no caso das compras feitas via associações.
Também não está em estudo a autorização de venda por meio de serviços postais. Uma das reclamações das famílias é a exigência de retirada do produto pessoalmente nos aeroportos. A avaliação da Anvisa é que as entregas por serviços postais fariam com que o governo perdesse o controle do que está entrando no País.

Fonte: Exame



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Estudo indica que extrato da maconha pode trazer esperança para crianças com epilepsia grave

WASHINGTON, DC - Crianças com formas severas de epilepsia que não estão respondendo a tratamentos podem encontrar esperança em uma versão líquida da maconha medicinal. É o que indica estudo.
A pesquisa - apoiada pelo GW Pharmaceuticals, laboratório fabricante de medicamentos a base de compostos da maconha - teve 213 participantes, incluindo crianças e adultos, com uma idade média de 11 anos. Todos eles eram portadores de epilepsia grave que não respondiam a outros tratamentos. Os participantes tinham doenças como síndrome de Dravet e síndrome de Lennox-Gastaut, tipos de epilepsia que podem levar à deficiência intelectual e convulsões ao longo da vida.
Os participantes receberam diariamente, por via oral, um extrato líquido a base de canabidiol (CBD), composto da maconha que não possui efeitos psicoativos. Todos os participantes sabiam que estavam recebendo o remédio no estudo, que foi elaborado para determinar se a droga era segura e bem tolerada.
Os resultados mostraram melhoria nos quadros dos participantes. Para as 137 pessoas que completaram o estudo de 12 semanas, o número de convulsões teve uma redução média de 54%. Entre os 23 portadores de síndrome de Dravet que participaram, a queda foi de 53%. Para os 11 com síndrome de Lennox-Gastaut, o número das chamadas crises átonas, que causam uma perda súbita do tônus muscular, a diminuição foi de 55%.
Doze pessoas (6% do total) pararam de tomar o remédio devido aos efeitos colaterais. As consequências indesejadas do uso da droga, que ocorreram em mais de 10% dos participantes, incluíram sonolência (21%), diarreia (17%), cansaço (17%) e diminuição do apetite (16%).
De acordo com Orrin Devinsky, diretor do Centro de Epilepsia da Universidade de Nova York e membro da Academia Americana de Neurologia, a eficácia da droga ainda deverá ser testada em novos estudos, com uso de placebo, por exemplo.
- Até agora tem havido poucos estudos formais sobre esse extrato de maconha - afirmou. - Os resultados são de grande interesse, especialmente para as crianças e seus pais, que têm buscado uma resposta para esses ataques debilitantes.
Diminuição do número de convulsões em participantes chegou a 55%.


Fonte: O Globo




segunda-feira, 20 de abril de 2015

15 dicas para lidar melhor com a epilepsia

A epilepsia é um dos transtornos crônicos mais importantes da infância, bem como uma das causas mais comuns de distúrbio neurológico nesta faixa etária. Cerca de 50% dos epiléticos apresentam o problema antes dos cinco anos e 75%, antes dos vinte. A epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral que ocorre quando uma parte do cérebro passa a emitir sinais incorretos durante alguns segundos ou minutos, sem ter sido causado por febre, drogas ou outras doenças. 
São muitos os tipos de crise, bem como os sintomas, que podem variar de acordo com o local atingido no sistema nervoso central. Se a alteração ficar restrita a um hemisfério, a crise será chamada de crise parcial e se a lesão afetar os dois hemisférios cerebrais teremos o que chamamos de crise generalizada. Geralmente a causa é desconhecida, mas pode ocorrer por ferimentos na cabeça, trauma de parto, uso abusivo de álcool e ou drogas e outras doenças. 
A epilepsia é uma doença neurológica crônica, comum, e tem tratamento bastante eficaz na grande maioria das vezes. A maior parte das pessoas que tem o problema leva a vida normalmente e com sucesso em todas as áreas. O diagnóstico correto deve ser implementado o quanto antes para que o tratamento adequado seja logo realizado. Recomendações importantes são as de não ingerir bebidas alcoólicas, não passar noites em claro, ter uma dieta balanceada e evitar o stress excessivo. 
A divulgação da doença é muito importante, principalmente porque grande parte da população ignora o problema ou porque têm crenças distorcidas e não verdadeiras sobre a questão. Assim, não raro ouvimos pessoas dizerem que a epilepsia é uma doença contagiosa e que seus portadores, além de não são normais nunca serão bem sucedidos na vida, o que não é verdade.  
Infelizmente, o impacto social e psicológico da epilepsia ainda é grande, chegando ao ponto de ser, muitas vezes, mais limitante do que a própria doença. Isso porque a epilepsia rompe a sensação de controle e competência, essenciais para o desenvolvimento saudável da personalidade da pessoa, em decorrência da característica paroxística, imprevisível e de completa subjugação do indivíduo pelo evento epiléptico. Basta apenas um único episódio para que a família viva um estado angustiante, à espera de uma nova crise. 
Trabalhos assistenciais de atenção, apoio e acolhimento aos cuidadores principais de crianças e adolescentes com epilepsia é de toda importância, uma vez que existe uma relação "de mão-dupla", no dia-a-dia dos pais de uma criança com epilepsia. Vários estudos, inclusive no Brasil, mostram o aumento da incidência de problemas emocionais e psiquiátricos, especialmente nas mães de crianças com epilepsia. A reorganização de papéis dentro da dinâmica familiar é de toda importância para o manejo saudável do problema. 
Portanto, conscientizar a população nesse sentido é essencial para a redução do impacto negativo de atitudes discriminatórias sobre a epilepsia e seus mitos. Promover maior participação social e laboral através da divulgação de informações corretas e cientificamente comprovadas junto às entidades competentes e para a população, são objetivos primordiais a serem alcançados, para que essa parte da sociedade tenha uma vida com mais qualildade. 

15 dicas para você entender e lidar melhor com a epilepsia.

1. A epilepsia não é uma doença mágica e nem sagrada e muito menos demoníaca. Ela é uma doença neurológica comum. 
2. A epilepsia não é uma doença contagiosa. Ela é apenas o produto de descargas anormais de células nervosas no nosso cérebro
3. A epilepsia é universal. Ela acomete pessoas de qualquer faixa etária e de todos os países. 
4. Sua prevalência pode variar conforme as regiões do mundo. Ocorre com maior freqüência nos países em desenvolvimento,como é o caso do nosso país (2%), devido à desnutrição, pouco conhecimento, enfermidades infecciosas e à insuficiente atenção médica. Nos países mais desenvolvidos a incidência é de aproximadamente 1%. 
5. A epilepsia é vista como uma catástrofe. Vai morrer? É nossa culpa? vai ficar retardado? Nada disso! A epilepsia é uma condição que tem tratamento e que na maior parte das vezes é benigna. 
6. Pessoas com epilepsia nunca vão vencer na vida: mentira! Muitos são bem sucedidos na vida. 
7. Os pais costumam ver a epilepsia com vergonha, frustração, desesperança. Errado! Os pais precisam tratar a criança corretamente e incentivá-la a viver como uma criança normal, que se trata de uma enfermidade que possui, como qualquer um de nós. 
8. Pessoas com epilepsia nunca vão vencer na vida. Mentira! Muitos são os portadores sucedidos na vida. 
9. Os pais costumam ver a epilepsia com vergonha, frustração, desesperança. Errado! Os pais precisam tratar a criança corretamente e incentivá-la a viver como uma criança normal, que se trata de uma enfermidade que possui. 
10. Muitas vezes a epilepsia começa a ser estigmatizada dentro de casa! Muitas vezes, a criança vê a sua condição como estigmatizante como resultado da influência dos pais. 
11. A pessoa com epilepsia é uma pessoa normal. Ela precisa seguir as instruções do médico, como qualquer um de nós. 
12. A epilepsia não gera desadaptação social por si só. a superproteção dos pais em relação à criança pode levar a alterações de comportamento e personalidade, tornando a criança, frequentemente, socialmente isolada, dependente e insegura. 
13. Na grande maioria dos casos bem conduzidos, a epilepsia não leva a problemas escolares. Com diagnóstico e tratamento adequados, aproximadamente 80-90% de crianças terão suas crises controladas com um mínimo de efeitos indesejados. Isso lhe permitirá acesso a uma vida normal. 
14. Vários esportes são permitidos, como por ex.: jogar vôlei, futebol, fazer ginástica, corrida, tênis, etc. A natação, somente com supervisão cuidadosa. 
15. Importante: seguir o tratamento regularmente, não deixar de tomar a medicação porque tem festa e quer beber álcool, não misturar medicação, evitar soluções mágicas como a substituição do tratamento por práticas religiosas.

Fonte: Minha Vida



quinta-feira, 16 de abril de 2015

Epilepsia: Tão comum quanto desconhecida

A epilepsia é uma doença muito mais comum do que se imagina, porém, ainda desconhecida pela maioria das pessoas. “A epilepsia é a condição neurológica crônica mais comum em todo o mundo e pode acontecer em qualquer idade, raça e classe social. Para se ter uma idéia, estima-se que no Brasil existam três milhões de pessoas com a doença e a cada dia 300 novos casos são diagnosticados”, diz o neurologista Ricardo Teixeira, do Instituto do Cérebro de Brasília (ICB).
O desconhecimento e o preconceito são os grandes problemas quando o assunto é esta doença. Apesar de ser uma questão de saúde pública, são poucas as pessoas que realmente sabem o que é a epilepsia. A genética, algumas situações médicas que causam o desequilíbrio bioquímico do corpo e, até mesmo, o uso de certas drogas estão dentre os principais causadores.
“Quando nosso cérebro dá a ordem para nossa mão mexer, ele está disparando um impulso nervoso que nada mais é do que um impulso elétrico de baixíssima intensidade. Até chegar à mão, esse impulso viaja pelas ramificações dos neurônios e passará também por estações em que os impulsos dependem de transporte químico (sinapses) para que a informação chegue enfim aos músculos da mão. Tudo isso acontece quando resolvemos mexer a mão voluntariamente. Imagine agora um grupo de neurônios que resolve disparar esses mesmos impulsos "sem a nossa autorização", provocando movimentos involuntários da nossa mão. E esses neurônios não ficam disparando o tempo todo de forma anormal. Pode ser uma vez ao mês, uma vez ao ano, todo dia, e quando disparam provocam o que conhecemos como crise epiléptica”, explica o médico.
Vale lembrar que para ser considerado um epilético, não basta apenas uma crise. “Podemos dizer que uma pessoa tem epilepsia quando já apresentou mais de uma crise epiléptica não provocada. Crises não provocadas são as crises que acontecem espontaneamente, sem a presença de um desequilíbrio agudo e transitório do cérebro (ex: redução na concentração de sódio). Mais recentemente reconhece-se que mesmo que a pessoa tenha apresentado uma única crise, mas na presença de alteração cerebral que pode vir a causar outras crises, essa pessoa já pode ser considerada como portadora de epilepsia”, ressalta ele.
Contudo, atenção! Epilepsia não é sinônimo de convulsão! O médico destaca: “A convulsão é o tipo mais dramático de crise, e significa que o cérebro passa por um curto circuito difuso. Porém, existem crises epilépticas muito mais discretas, e essas geralmente são reflexos de disparos anormais em apenas uma região do cérebro, não se espalhando para o cérebro todo, como é o caso da convulsão”.

Fonte: ICBNeuro 







terça-feira, 14 de abril de 2015

Crianças que precisam de canabidiol ainda enfrentam burocracia para conseguir o produto

Apesar da importação do canabidiol ter sido liberada, dificuldades continuam.
Já se passaram dois meses e meio desde que o canabidiol foi liberado no Brasil.
O produto não é mais proibido no país desde 14 de janeiro, mas os pacientes com doenças raras continuam se queixando da burocracia para importar o produto.
O uso do CBD é dificultado por uma série de motivos. “Persistem as exigências burocráticas que demandam autorizações especiais, termos de responsabilidade, relatórios e receitas médicas muito difíceis de conseguir”, afirma a Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal (AMA+ME). Isso significa que, na prática, segundo a Associação, a reclassificação praticamente não ajudou as famílias que tanto pediam por ela.
Além disso, a AMA+ME lembra que o Conselho Federal de Medicina (CFM) só permite que neurologistas e psiquiatras prescrevam o produto a crianças e adolescentes com epilepsia de difícil controle, deixando de fora os adultos e pacientes que sofrem de outras doenças e que poderiam se beneficiar do canabidiol.
Outra queixa recorrente é que a Receita Federal impede a entrega do CBD no domicílio do paciente, forçando a família a comparecer nos aeroportos sob o risco de pagar imposto de importação e taxa de custódia.
Agora, a AMA+ME luta pelo direito de produzir o CBD em território brasileiro, para que haja um rigoroso controle químico e sanitário e de qualidade, sob supervisão das autoridades. “Além de facilitar, ampliar o acesso e reduzir custos, uma produção nacional qualificada poderia incluir o óleo como prática terapêutica dentro do Sistema Público de Saúde”, defende a Associação. 

Fonte: Revista Crescer

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Epilepsia atinge 2% da população no Brasil

Conforme estimativa da Assistência à Saúde de Pacientes com Epilepsia (Aspe), cerca de 2% da população brasileira é atingida com algum tipo de epilepsia. A falta de informação sobre a doença, mais caracterizada como uma disfunção neurológica, é a principal causa para o preconceito. Em março, a campanha mundial Purple Day alertou as pessoas sobre esta condição, para, enfim diminuir os desentendimentos relacionados a ela.
Marcília Araújo, médica especialista em epilepsia no Piauí, explica que a doença é caracterizada pela predisposição persistente do cérebro a gerar crises epilépticas (ataques ou transtornos neurológicos). A classificação da Epilepsia vai depender do tipo de crise que o paciente apresenta. A médica relata que hoje existem mais de 30 tipos de epilepsia, sendo os mais comuns, a Epilepsia ausência da infância, a Epilepsia mioclônica juvenil e a Epilepsia do lobo temporal.
Não existe idade para se apresentar epilepsia, no entanto, ela tem maior incidência em crianças e idosos. O alerta da neurologista é que todos os pacientes que apresentem a crises, procurem um neurologista para que seja investigada sua causa. "O paciente pode ter crises por predisposição genética, quando não há nenhum fator desencadeante. Mas existem as crises epilépticas provocadas, que acontecem como uma manifestação de alguma infecção, distúrbio eletrolítico ou tumor cerebral, por exemplo. Por isso, todos os pacientes precisam procurar um neurologista", destaca.
Segundo Marcília Araújo, casos de epilepsia no Piauí ainda são comuns. O funcionário público João Carlos Santos lamenta o preconceito sobre a doença. "Tive minha primeira crise de epilepsia aos sete anos, na escola. Lembro como se fosse hoje, sofri muito com os preconceitos dos meus colegas de classe e, até mesmo, dos professores", conta.
João sofre com crises há 20 anos e ressalta que o apoio dos familiares e colegas de trabalho é essencial no convívio com a doença. "São pouquíssimas as pessoas que conhecem a doença, a maioria, infelizmente, acha que epilepsia é coisa de gente com problema mental. Está aí a importância da divulgação de informações e, principalmente, a conscientização sobre a doença. As pessoas precisam saber como ajudar alguém em um momento de crise epiléptica", enfatiza.

Fonte: Diário do Povo

terça-feira, 7 de abril de 2015

Pais querem proporcionar uma boa vida ao filho com o uso do canabidiol

Há um ano, uma família brasiliense conseguia, pela primeira vez na Justiça, o direito de importar o canabidiol (CBD), substância derivada da maconha usada em tratamentos de convulsões. Em janeiro último, mais uma vitória foi comemorada: a reclassificação do produto, que deixou de ser ilegal no Brasil, trouxe alívio para os pacientes. Provocou também uma reviravolta nas discussões sobre o tema no país. Mas quem depende do CBD para evitar as crises ainda esbarra em burocracia e no alto custo da importação e dos impostos a serem pagos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tirou da ilegalidade o CDB e o colocou na lista de substâncias controladas, em uma decisão histórica. Também ficou mais fácil e rápido conseguir uma autorização do órgão para importar o produto. No entanto, as famílias precisam pagar os impostos de importação e ir a São Paulo ou contratar um despachante para retirar o pacote na cidade. Os pais que compram os remédios para dar aos filhos souberam que uma portaria da Receita Federal seria elaborada para facilitar a importação do produto. Procurado, porém, o órgão se limitou a dizer que não comenta mudanças na legislação ou medidas em estudo.
Enquanto permanecer essa situação, sem o registro desses produtos no país, o custo para trazê-lo pode chegar a R$ 3 mil em um único pedido. Como é o caso do casal Danilo Gonçalves, 59 anos, e Luzia Magda Nunes Costa, 52. Os dois são pais de Thiago Costa Nunes, 29 anos. Ele tem síndrome de Lenox-Gastaut, um quadro grave de epilepsia generalizada. A doença foi descoberta quando o rapaz tinha apenas 6 meses de vida. “Ele tinha de 30 a 60 convulsões diárias, fora as infecções e as pneumonias”, contou Luzia. Preocupados em proporcionar uma boa vida ao filho, que tem dificuldades para andar e falar, eles foram atrás de informações sobre o CBD. Na internet, encontraram outros pais com situação semelhante e trocaram figurinhas sobre o uso da substância. Levaram a possibilidade até a médica de Thiago, que estudou o caso.

Fonte: Correio Braziliense

sábado, 4 de abril de 2015

Canabidiol, quando se deve usar?

Se crianças e adolescentes ( aliás, qual o limite cronológico da adolescência? ) podem receber o tratamento, por que não jovem e adultos?


Se me faltava mais um motivo para ficar perplexa quando a questão é cuidar de meu filho com síndrome de Asperger (uma das facetas do espectro autista) e portador de epilepsia refratária, ei-lo na resolução de 16 de dezembro de 2014 do Conselho Federal de Medicina: ao permitir que os médicos prescrevam canabidiol apenas para crianças e adolescentes, a resolução veda ao meu filho, e a muitos outros adultos, o direito de receber este medicamento que, potencialmente, poderia ajudar no tratamento da epilepsia, doença que coloca em risco a integridade física e também contribui para deteriorar as suas capacidades cognitivas.
O canabidiol vem da cannabis sativa, a maconha, mas não apresenta os efeitos alucinógenos desta planta. Mais conhecida como droga de abuso, creio que os derivados químicos da maconha ficaram tão estigmatizados que as pesquisas clínicas a respeito do seu potencial terapêutico são escassas. É como se devessem ser queimadas as plantações de papoula, de onde se extrai a heroína, e desta forma padecessem de dor excruciante os pacientes necessitados de morfina, um derivado da heroína. Se, de fato, o canabidiol não é a milagrosa panaceia capaz de curar todas as formas de epilepsia, no entanto pode ser, dentre os medicamentos disponíveis, mais uma valiosa alternativa para tratar a epilepsia refratária.
Há anos ecoa na minha mente a frase de uma neurologista, após múltiplas tentativas e erros com antiepilépticos nacionais e alguns importados: a esperança para o meu filho poderia estar em uma nova classe de remédios, ainda não descoberta. Se existe incerteza quanto à segurança do uso prolongado do canabidiol, o que dizer, então, da politerapia de que todos se valem durante anos? E o que dizer das evidencias científicas segundo as quais, adultos com epilepsia refrataria são três vezes mais propensos à morte prematura. Um estudo finlandês revelou que 25% das crianças diagnosticadas com epilepsia estavam mortas 40 anos depois. Quase todas com epilepsia refrataria.
Por seu comportamento diferente, meu filho é incompreendido e mal interpretado no contato com a sociedade, que reage irritada, temerosa ou com pena, dependendo da situação. E o estigma piora quando uma crise epilética se dá em público. Eu estou do lado dele como protetora, assim como outros pais nas mesmas condições, e tradutora/intérprete para a sociedade. É assim porque a sociedade é preconceituosa e intolerante com quem não fala sua sofisticada linguagem social e com o diferente ou aquele cuja doença se manifesta por meio de comportamento incomum.
Na mesma linha, parece que a discriminação praticada pela sociedade em relação aos “diferentes” se plantou nas mentes dos membros do Conselho Federal de Medicina a semente do estigma sobre esta substância química extraída da maconha.
Não aceito que meu filho possa ser considerado velho demais para ser medicado e que, apesar dos três antiepilépticos diários, tenha de duas a cinco crises semanais. Se crianças e adolescentes (aliás, qual o limite cronológico da adolescência?) podem receber o tratamento, por que não os jovens e adultos. O risco (de que mesmo?) é maior para estes? O canabidiol pode, ou não, ser útil para o meu filho especificamente, mas de uma coisa estou certa: o relógio de sua vida prosseguirá em uma caminhada inexorável, enquanto burocratas, médicos, políticos, e seja lá mais quem for se embaraçam em um novelo de discussões sem fim.

Fonte: O Globo






quarta-feira, 1 de abril de 2015

'O preconceito ainda é grande', diz jovem com epilepsia

Quem convive com epilepsia se vê obrigado a enfrentar, além dos sintomas da doença, o preconceito da sociedade. Segundo a publicitária Liana Toscano, de 28 anos, algumas pessoas têm medo de se aproximar durante as crises pois acham que é contagioso. "Mas não é", garantiu a jovem. Semana passada na quinta-feira (26/03), pessoas que convivem com epilepsia realizaram em todo o mundo uma ação com o objetivo de divulgar informações e combater o preconceito com a doença. O ‘Dia Roxo’, como é chamada a ação, surgiu em 2008, no Canadá, e é realizado no Brasil desde 2011.
A escolha do roxo remete à lavanda, a cor internacional da epilepsia, dado ao fato que a flor lavanda remete a um sentimento de isolamento e solidão, frequentemente vivenciado pelas pessoas com epilepsia.

Algumas pessoas têm medo de se aproximar durante as crises pois acham que é contagioso, mas não é"
Liana Toscano,
publicitária
“O preconceito ainda é grande", lamentou Liana. Ela sofre crises de epilepsia desde criança, mas só foi diagnosticada com a doença há quatro anos. “Passei por diversos profissionais que não conseguiram identificar o que causava as crises. Só aos 24 anos é que um neurologista detectou que eu tinha epilepsia”, comentou.
Segundo a publicitária, a maior parte das pessoas que têm preconceito são as que confundem a doença, que é neurológica, como sendo algo psicológico. “Muita gente não conhece a doença e acha que é coisa de pessoas com problemas mentais e até mesmo que é contagioso. Por isso é importante divulgarmos informações sobre a epilepsia, para que as pessoas conheçam sobre a doença e saibam como ajudar num momento de crise”, comenta.
Liana conta que antes de ser diagnosticada e realizar o tratamento adequado, chegava a tomar cerca de 13 comprimidos por dia e não controlava as crises. “Teve uma vez que tive nove crises no mesmo dia. Depois do diagnóstico, passei a tomar apenas quatro comprimidos e as crises foram reduzindo ao ponto que passei cinco meses sem nenhuma”, explicou.
A jovem também explica que o controle das crises e da doença é mais fácil com o apoio de familiares e amigos. “Este apoio é muito importante pra mim. Já tive crises dentro do trabalho e depois que os colegas aprenderam a me ajudar durante estes momentos, ficou mais fácil conviver com a epilepsia e não se sentir isolada por ter a doença”, concluiu Liana.
Sobre a doença
O neurologista Erasmo Barros explica que a epilepsia é uma doença neurológica passível de tratamento que possui controle na maioria dos casos. “A epilepsia tem causa variável e a evolução da doença se dá também de forma variável dependendo da causa. Em até 70% dos diagnósticos, com tratamento medicamentoso ou cirúrgico, as crises param totalmente”, disse.
O médico também explica que há uma diferença entre uma crise convulsiva e a epilepsia. “Nem toda crise convulsiva quer dizer que a pessoa sofre de epilepsia. Em casos isolados, a crise pode ter outra origem. Se houver recorrência, é necessário fazer uma investigação para saber se a pessoa tem epilepsia”, diz.
A neurologista Bianca Oliveira, comenta sobre a diferença entre as crises. "Há dois tipos de crise, as convulsivas, onde o paciente cai e se debate, e as não-convulsivas, onde os pacientes descrevem uma sensação de 'blecaute' ou 'ausência'. A maioria das pessoas tem a tendência a tentar puxar a língua do paciente que está se debatendo, mas não recomendamos fazer isso, pois a pessoa em crise pode involuntariamente acabar mordendo o dedo de quem tenta ajudar e causar uma lesão séria", explica.
Oliveira orienta as pessoas sobre como ajudar alguém que esteja em uma crise convulsiva. "O que deve ser feito é deitar o paciente de lado, para evitar que a pessoa se sufoque com a salivação excessiva e protegê-la para evitar que se machuque, afastando objetos próximos que possam causar lesões no paciente. Uma crise normal dura cerca de 5 minutos. Se passar deste tempo ou se acontecer crises seguidas uma da outra, a pessoa deve ser levada para a emergência, para que sejam feitos exames para identificar as causas da convulsão", completa a médica.
Fonte: G1