quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Anvisa aprova novos tratamentos para epilepsia e gota

Medicamentos são indicados para quadros de convulsão relacionados à síndrome de Lennox-Gastaut e elevação do ácido úrico no sangue
A Agência Nacional De Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta segunda-feira (26) que dois novos medicamentos foram autorizados para os tratamentos da síndrome de Lennox-Gastaut, um tipo raro e grave de epilepsia, e de gota, uma forma de artrite aguda.

O novo remédio aprovado pela Anvisa para o tratamento auxiliar das convulsões associadas à síndrome de Lennox-Gastaut é Inovelon (rufinamida), indicado para crianças com mais de quatro anos e 18 kg e adultos. A doença afeta crianças com idades entre um e oito anos, mas os sintomas continuam a se manifestar ao longo da vida.

O Inovelon será fabricado pela empresa japonesa Bushu Pharmaceuticals Limited, mas o registro no Brasil é da Esai Laboratórios Ltda., localizada em São Paulo.

 Já os pacientes de gota com mais de 18 anos poderão usar, a partir de agora, o Zurampic (lesinurade), indicado para o tratamento da elevação de ácido úrico no sangue. O medicamento aprovado pela Anvisa será fabricado pela empresa Hovione Limited, localizada na Irlanda, e a responsável no Brasil será a Astrazeneca do Brasil Ltda.

Fonte: IG

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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Como identificar e tratar a crise de ausência

As crises de ausência são um tipo de crise epilética que podem ser identificadas quando há perda súbita de consciência e olhar vago, ficando-se quieto e parecendo que se está olhando para o espaço, durante cerca de 10 a 30 segundos.
As crises de ausência são mais comuns em crianças do que adultos, são causadas pela atividade anormal no cérebro e podem ser controladas com medicamentos anti-epiléticos.
Geralmente, as crises de ausência não causam danos físicos e a criança deixa de ter as crises naturalmente na adolescência, porém, algumas crianças podem ter as crises para o resto da vida ou desenvolver outras convulsões.

Como identificar a crise de ausência 

A crise de ausência pode ser identificada quando a criança, durante cerca de 10 a 30 segundos:
  • Perde a consciência de repente e para de falar, caso estivesse falando;
  • Fica parada, sem cair no chão, com o olhar vago, geralmente desviado para cima;
  • Não responde ao que lhe é dito nem reage a estímulos;
  • Depois da crise de ausência, a criança recupera e continua fazendo o que estava a fazer e não se lembra do que aconteceu.
Além disso, outros sintomas da crise de ausência podem estar presentes como piscar ou revirar os olhos, apertar os lábios, mastigar ou fazer pequenos movimentos com a cabeça ou com as mãos.
As crises de ausência podem ser difíceis de identificar, porque podem ser confundidas com falta de atenção, por exemplo. Por isso, é frequente que uma das primeiras pistas que um pai pode ter de que a criança está tendo crises de ausência é que ela está tendo problemas de atenção na escola.

Quando ir ao médico

Na presença dos sintomas de crise de ausência, é importante consultar um neurologista para fazer o diagnóstico através de um eletroencefalograma, que é um exame que avalia a atividade elétrica do cérebro. Durante o exame, o médico pode pedir à criança para respirar muito rapidamente, porque isso pode desencadear uma crise de ausência.
É muito importante levar a criança no médico para fazer o diagnóstico da crise de ausência porque a criança pode ter dificuldades de aprendizagem na escola, desenvolver problemas de comportamento ou isolamento social.

Como tratar a crise de ausência
O tratamento da crise de ausência geralmente é feito com remédios anti-epiléticos , que ajudam a evitar as crises convulsivas de ausência.
Normalmente, até aos 18 anos de idade, as crises de ausência tendem a parar naturalmente, porém é possível que a criança tenha crises de ausência para o resto da vida ou desenvolva convulsões.

Fonte: Tua Saúde






quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Hospital Albert Sabin realiza primeira cirurgia para tratamento de epilepsia

O pequeno João Pedro, de 3 anos de idade, está internado há um ano no Hospital Infantil Albert Sabin, da rede pública do Governo do Ceará. Desde os dois anos de idade, Pedro sofre de convulsões decorrentes. Ele foi diagnosticado com Encefalite de Rasmussen, uma desordem neurológica rara e progressiva, que se caracteriza principalmente pelo ataques epiléticos frequentes e severos. Na última quarta-feira (31), João Pedro participou de um moderno procedimento cirúrgico para o tratamento da epilepsia no Hospital Albert Sabin. O hospital, que é referência no atendimento a crianças e adolescentes com doenças de alta complexidade, fez a primeira hemisferectomia. “Trata-se de um tratamento cirúrgico daquela epilepsia que não responde aos medicamentos”, explica o neurocirurgião pediátrico Eduardo Jucá.

Logo após a cirurgia, João Pedro foi encaminhado para Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Albert Sabin. Ele acordou no dia seguinte e, desde então, não tem apresentado crises convulsivas e se encontra estável. Segundo a equipe médica, o menino deve permanecer na UTI por mais alguns dias. Os pais, Maiara e Francisco Wellington Falcão Castro, afirmam estar impressionados com a melhora do filho. A avó, Maria do Carmo Vieira Rodrigues, não vê a hora de poder levar o menino para casa, no Parque Santa Rosa. “Deus é maior e ele vai se recuperar”, diz Maria.

João Pedro já se encontrava debilitado, com paralisia parcial no lado direito do corpo e declínio cognitivo. Por isso, a equipe médica do Albert Sabin avaliou que uma viagem até São Paulo para realização do procedimento poderia ser ainda mais desgastante para a criança. “As convulsões eram a toda hora, elas não paravam. Os médicos disseram que somente com a cirurgia, ele poderia melhorar. É difícil, a gente sabe. Mas a gente tem muita fé”, fala a avó.

De acordo com a diretora geral do hospital, Marfisa Portela, com o novo procedimento cirúrgico no Albert Sabin, outras crianças com hemisferectomia terão o atendimento garantido e mais perto de casa, sem precisar viajar a um outro estado para fazer a cirurgia. “Poder realizar esse procedimento só torna ainda melhor o tratamento de excelência que trabalhamos para os nossos pacientes”, afirma.

Hemisferoctomia

Para realizar o procedimento, foi convidado o neurocirurgião da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, Marcelo Volpon. “Existem centros de excelência no país que realizam a cirurgia já como rotina, uma deles é USP de Ribeirão Preto. Então, a gente contou com a participação especial do Dr. Marcelo Volpon para conduzir o procedimento”, ressalta Eduardo Jucá.

“É importante frisar que Encefalite de Rasmussen é classicamente tratada dessa forma porque afeta toda uma metade do cérebro. Então, o tratamento é isolar essa metade do restante. O que se espera conseguir de imediato é a diminuição ou parada das crises convulsivas. Daí vem o trabalho de reabilitação. A cirurgia é o ponto inicial do tratamento”, explica Volpon, ressaltando que o tratamento acontece a longo prazo.

Ao todo, 10 profissionais, entre neurocirurgiões, enfermeiros, técnicos e anestesista, se envolveram diretamente na cirurgia. E todo o procedimento, que foi iniciado às 6h e terminado às 14h40, foi transmitido para a equipe de residentes. “Essa decisão de fazer a cirurgia aqui acabou com o risco da viagem, o estado de João Pedro já era difícil. Agora, acredito que podemos nos manter fazendo a hemisferectomia aqui no Sabin. Foi provado que, em termos de equipamento, o hospital está preparado”, afirma Eduardo Jucá. Opinião semelhante a apresentada pelo médico convidado, Marcelo Volpon: “para esse tipo de cirurgia, particularmente, a gente conseguiu fazer sem nenhum problema”.

Fonte: O Ceara



segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Americana recebe primeira caminhada sobre epilepsia

Cerca de 300 pessoas participaram ontem da 1ª Caminhada de Apoio às Pessoas com Epilepsia, em Americana. Os integrantes fizeram o ato por 3 km na Avenida Brasil e alertaram para o debate sobre a doença que até hoje é vista de forma preconceituosa.
A presidente do Mape (Movimento de Apoio às Pessoas com Epilepsia), Veviane Spergue, considerou o número de participantes uma vitória para a causa.
"A epilepsia é uma doença neurológica mais comum do que qualquer pessoa pode imaginar, só que as pessoas não conversam sobre por conta do estigma que a doença carrega há milhares de anos quando era vista como possessão, com esse preconceito. Com o passar dos anos se comprovou que é uma doença neurológica e pode acometer qualquer pessoa e pode ser adquirida. Muitas pessoas sofrem prejuízos sociais por essa exclusão", disse.
EPILEPSIA
A epilepsia é uma síndrome que pode ocorrer devido a um distúrbio genético ou a uma lesão do cérebro, após um derrame ou trauma, por exemplo. Ou seja, é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por drogas ou medicamentos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos que podem ficar restritos ou se espalhar.
Durante crises, a pessoa fica 'desligada' e ter contorções, de acordo com o site da LGE (Liga Brasileira de Epilepsia). A doença é geralmente tratada com medicamentos.
Fonte: Todo Dia Uol

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Fertilidade das mulheres com epilepsia

Mulheres com epilepsia têm a mesma probabilidade de conseguir uma gravidez bem sucedida do que as mulheres sem a doença neurológica, de acordo com um novo estudo conduzido por equipes de  pesquisadores, em vários centros no mundo. O estudo prospectivo revelou que as mulheres com epilepsia têm as mesmas chances de alcançar a gravidez, o mesmo tempo necessário para engravidar e os mesmos resultados da gravidez, tais como abortos comparáveis a um grupo de mulheres saudáveis. Os resultados do estudo, apresentados em 2016, durante a reunião anual da Academia Americana de Neurologia, em Vancouver, Canadá, contradizem crenças da comunidade médica sobre a fertilidade das mulheres com epilepsia.
Mais de 1,1 milhões de mulheres americanas com epilepsia estão em idade fértil e aproximadamente 24.000 bebês nascem de mulheres com epilepsia a cada ano, de acordo com dados da Epilepsy Foundation, que financiou a nova pesquisa.
Estudos anteriores apontavam taxas de infertilidade duas a três vezes maiores para as mulheres com epilepsia, ou que, um terço das mulheres com epilepsia poderia ter dificuldades para engravidar. Mas, um estudo abrangente não tinha sido feito até agora para confirmar esses dados, de acordo com os investigadores.
 Os resultados podem tranquilizar as mulheres com epilepsia e os médicos que estão aconselhando essas mulheres sobre planejamento familiar. Os pesquisadores conduziram um estudo observacional multicêntrico chamado The Women with Epilepsy: Pregnancy Outcomes and Deliveries (WEPOD) from 2010 to 2015 (as mulheres com epilepsia: resultados da gravidez e entrega  de 2010 a 2015). As mulheres participantes com epilepsia e as do grupo de controle saudáveis estavam entre as idades de 18-41 anos e buscavam engravidar há menos de  seis meses. Elas foram acompanhadas durante toda a duração da gravidez. Diários eletrônicos capturavam o uso de medicamentos anti-epiléticos, a ocorrência de convulsões e fatos sobre o ciclo menstrual e a  atividade  sexual das  participantes.
No total, 89 mulheres com epilepsia e 109 controles saudáveis, com dados demográficos semelhantes, foram comparadas para o estudo. A proporção de mulheres que alcançaram a gravidez foi de 70% para as mulheres com epilepsia e 67,1% para os controles saudáveis.
“O tempo médio de gestação em mulheres com epilepsia foi 6,03 meses, em comparação com 9,05 meses para controles saudáveis, e após o controle para idade, índice de massa corporal, paridade e raça, não houve diferença entre os grupos para o tempo de gestação. Das gravidezes que ocorreram, uma proporção semelhante resultou em nascidos vivos (81,8% das mulheres com epilepsia e 80% dos controles), aborto (12,7% das mulheres com epilepsia e 20% dos controles) ou outros resultados (5,4% das mulheres com epilepsia em comparação com 0% dos controles saudáveis)”, afirma o  neurologista, Willian Rezende do Carmo.

Fonte: Dr. William Rezende

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Por que médicos escondem o risco de morte súbita em pacientes com epilepsia

Aterrorizada, Shena Pearson não conseguia se mover enquanto assistia a apresentação de power-point. Esse era seu primeiro encontro em uma fundação para epiléticos, em busca de ajuda para seu filho de 12 anos, Trysten, quando um neurologista exibiu um slide sobre uma coisa chamada Sudep.
Aquela era a sigla em inglês para a morte repentina inesperada em epilepsia. O neurologista que atendia seu filho jamais havia falado a respeito.
"Ai meu Deus, meu filho corre um risco sério", pensou Shena.
A morte repentina inesperada em epilepsia é um fenômeno pouco conhecido e raramente comentado, mas agora, depois de uma série de protestos, o governo norte-americano deu início a um programa para compreender melhor o problema. Ainda assim, uma pergunta persiste: em que momento o paciente deve ser alertado sobre o problema?
De certa forma, o fato de muitos neurologistas não se sentirem confortáveis para mencionar a morte repentina para pacientes epiléticos tem relação com a época em que era comum que médicos e familiares não contassem aos pacientes que eles tinham câncer, algo que era assustador demais.
Entretanto, atualmente, os pacientes são informados não apenas sobre o câncer, mas também sobre outras doenças potencialmente sérias, como um aneurisma cerebral inoperável que pode se romper a qualquer momento e ser fatal. Portanto, o silêncio sobre o risco de morte em epilepsia parece ser uma anomalia.
O Sudep funciona assim: uma pessoa com epilepsia – convulsões provocadas por picos de eletricidade no cérebro – morre sem causa aparente. Com frequência, o epilético vai se deitar e é encontrado morto na manhã seguinte. Em alguns casos, existe evidência indireta de uma convulsão, como urina nos lençóis, olhos vermelhos, ou a língua mordida, o que leva a crer que prevenir ao máximo as convulsões com a ajuda de medicamentos pode diminuir os riscos dos pacientes.
Mas ainda existem muitos mistérios em torno da doença.
Os neurologistas afirmam que a morte repentina inesperada em epilepsia é a segunda causa neurológica de morte prematura, ficando atrás apenas dos AVCs.
A Sudep mata em média 2.600 pessoas por ano nos EUA, mas inúmeros profissionais acreditam que o número real deve ser maior – cerca de uma em cada mil pessoas com epilepsia. Para quem não controla as convulsões com medicamentos, o número pode chegar a uma em cada 150 pessoas.
Cerca de três milhões de norte-americanos e 50 milhões de pessoas em todo o mundo têm epilepsia. Quase um terço dos norte-americanos com epilepsia apresentam episódios de convulsão, afirmou o Dr. Daniel Friedman, pesquisador da Universidade de Nova York.

Isso significa que cerca de um milhão de americanos correm risco de morte repentina.

O filho de Shena tinha ao menos 24 convulsões por ano, apesar dos medicamentos. Ela não tinha coragem de lhe contar sobre o risco de morte repentina. Contudo, ele descobriu sozinho três meses depois. O garoto estava participando de um grupo de apoio a epiléticos perto de casa no Condado de Galveston, no Texas, e ouviu algumas pessoas conversando a respeito.
Shena e o filho não foram as únicas pessoas a descobrir sobre a morte repentina inesperada em epilepsia por acidente. Apesar de importantes organizações profissionais como a Sociedade Americana de Epilepsia e importantes pesquisadores pedirem para que os pacientes sejam plenamente informados, os neurologistas muitas vezes evitam o tema.

O problema é que, ao menos por enquanto, as estimativas de risco são incertas e não a formas comprovadas de prevenir o problema 

 Um estudo nacional envolvendo neurologistas revelou que pouquíssimos médicos falam aos pacientes com epilepsia sobre a morte repentina. Isso levou o Dr. William Gaillard, diretor do programa de epilepsia do Sistema Nacional de Saúde Pediátrica, a pesquisar os neuropediatras que participam de seu programa. A maioria contou que não menciona nada às famílias.
"Muitos dos meus colegas, incluindo eu mesmo, somos criaturas paternalistas. Muita gente não fala a respeito, porque os riscos são baixos e não há nada que possamos fazer para evitar o problema. A decisão é tomada em nome dos pacientes", afirmou Gaillard em uma entrevista.
Porém, Gaillard e outros profissionais acreditam que as famílias têm o direito de saber.
Além disso, afirmou o Dr. Orrin Devinsky, diretor do centro de epilepsia do Centro Médico Langone, da NYU, que saber se o problema pode incentivar os pacientes a trabalhar em parceria com os médicos para controlar as convulsões, já que a morte pode ocorrer logo após um episódio.
O Dr. Walter Koroshetz, diretor do Instituto Nacional de Doenças Neurológicas e AVCs, enfrentou esse problema em sua própria família. Em 1990, seu pai, que apresentou um caso tardio de epilepsia, foi até a geladeira um dia para buscar algo para comer. Ele teve uma convulsão, caiu e morreu.
Cinco anos antes, um tio da família do pai morreu em decorrência da Sudep depois de também desenvolver uma epilepsia tardia. Mas Koroshetz, que já era neurologista e sabia sobre a morte repentina inesperada em epilepsia, nunca havia mencionado o problema a seu pai.
"Eu achava que isso não iria ajudá-lo", afirmou Koroshetz.
Três anos depois, mais um dos irmãos do pai passou a ter convulsões. Desta vez, contou Koroshetz, ele teve uma longa conversa sobre o risco de morte repentina com o tio. Ele ainda está vivo e continua em boa forma.
Koroshetz conta que não há muito o que os adultos possam fazer para se proteger, a não ser tomar os medicamentos contra convulsão religiosamente, já que o risco de morte repentina está diretamente associado a episódios de convulsão.
Ainda assim, o fato é um problema conhecido há bastante tempo; uma das primeiras descrições da complicação foi escrita por George Washington, uma vez que sua enteada, Patsy Custis, pode ter morrido disso no dia 19 de junho de 1773, aos 17 anos.
"Ela saiu da mesa de jantar por volta das quatro horas da tarde com a saúde e o espírito tão bem quanto não via há algum tempo. Logo em seguida, foi tomada por um de seus ataques e morreu dessa maneira, em menos de dois minutos, sem dizer uma palavra, gemer ou dar qualquer outro sinal. Não preciso dizer que esse choque repentino e inesperado lançou minha pobre esposa às profundezas da miséria humana", escreveu Washington.
Muitos neurologistas afirmam que não aprenderam sobre a Sudep na faculdade de medicina.
"Mesmo entre os neurologistas, o problema não era conhecido, divulgado e discutido até bem recentemente", afirmou o Dr. Samden Lhatoo, professor de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Case Western Reserve.
Devinsky, de 59 anos, afirmou que "pessoas com formação médica em ótimas instituições e que passaram pelo meu treinamento jamais haviam abordado o problema".
Foi só quando o grupo Cidadãos Unidos pela Pesquisa em Epilepsia, ou Cure, na sigla em inglês, entrou em contato com Koroshetz para saber como caminhava a pesquisa sobre morte repentina inesperada em epilepsia que o governo federal entrou em ação. Agora, o Instituto Nacional de Doenças Neurológicas e AVCs deu início a um importante programa de pesquisa. Os pesquisadores afirmam que, até o momento, tudo indica que a tempestade elétrica cerebral que ocorre durante uma crise tônico-clônica – na qual a pessoa fica inconsciente e convulsiona – pode levar o coração a parar de bater a o cérebro a deixar de funcionar em algumas pessoas.
Um dos objetivos da pesquisa é descobrir a verdadeira incidência do fenômeno e estudar os cérebros de pacientes que tiveram morte repentina inesperada em epilepsia. Mas não tem sido fácil.
Com frequência, especialmente entre pacientes idosos, o legista atribui a morte a problemas cardíacos, mesmo quando se sabe que a pessoa era epilética e que não há indícios de problemas cardíacos na vítima, afirmou Devinsky.
O filho de John Popovich, John Paul, teve morte repentina inesperada em decorrência da epilepsia. Calouro de 19 anos da Universidade da Virgínia, ele havia voltado para casa para passar as festas de fim de ano. Certa manhã, seu pai o encontrou morto de barriga para baixo na cama. Ele teve apenas três convulsões ao longo da vida toda.
O atestado de óbito não mencionava a morte repentina inesperada em epilepsia, e Popovich e a família, que vivem no norte da Virgínia, nunca tinham ouvido falar da Sudep até que um parente falou a respeito dela semanas depois do funeral. Popovich não entendia porque os médicos não falavam sobre isso:

"Como pai que perdeu um filho, posso dizer que a comunidade que á comunidade médica não está fazendo nenhum favor.

O relatório de toxicologia indicou que o garoto não havia tomado o medicamento contra convulsões há pelo menos um dia – já que não havia traços do remédio no corpo.
Se ele soubesse sobre o risco da morte repentina, nunca teria deixado de tomar o remédio, afirmou o pai.

Fonte:Uol Notícias Ciência e Saúde














quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Médica diminui internação de crianças com epilepsia fazendo trabalho voluntário

Ao dedicar a vida à medicina, Liselotte encontrou a plenitude e a felicidade. Do alto de 50 anos de carreira, a médica reflete sobre a importância do caráter humano da profissão e do aprendizado proporcionado pela dedicação ao voluntariado.
A primeira residente da neurologia do Grupo Hospitalar Conceição iniciou suas atividades em 1968. Hoje, com 86 anos, mesmo depois de ter sofrido dois AVCs, a médica Liselotte segue atendendo de 12 a 14 pacientes por dia. Devido aos problemas de saúde foi autorizada pelo seu médico a trabalhar um turno por dia. Essa restrição a impediu de continuar realizando trabalhos voluntários.
Mas durante seus 50 anos de profissão um importante trabalho foi realizado. Em 2003, Liselotte nos conta que comandou por três anos o projeto De Volta Pra Casa Epilepsia. “Eu atendia muita gente com epilepsia e os familiares não sabiam como deveriam proceder durante uma crise epiléptica. Percebi que se eu os instruísse como agir durante uma crise eles ficariam mais calmos e não precisariam vir para a emergência. Em 2003, atendia no Conceição pela manhã e à tarde em um posto de saúde de Alvorada, onde me aposentei. Com as tardes livres comecei a desenvolver o trabalho De Volta Pra Casa Epilepsia nos 12 postos de saúde próximos ao Conceição, das 13h às 17h. Atendia os pacientes com epilepsia e quem estava aguardando por uma consulta neurológica no Conceição. Dessa forma, praticamente zerei a fila de espera do hospital. Para minha surpresa, eu soube que o meu atendimento diminuiu em 60% a internação de criança com epilepsia na Casa da Criança”, explica Liselotte.

O casamento com a medicina 

O sonho de ser médica e ajudar o próximo fez a médica abrir mão do casamento. “Era funcionária pública e visitadora sanitária, justamente a educação sanitária do povo. Abri mão do meu casamento porque meu marido não queria que eu fosse médica, mas fui atrás do meu sonho, passei no vestibular como a primeira da turma. Meu objetivo de vida sempre foi focar no que eu poderia fazer pelo meu semelhante por isso sempre digo pro meu paciente que ao entrar por essa porta ele deixa de ser apenas um paciente, ele passa a ser um membro da minha família”, destaca.
Para a neurologista, muito mais importante do que medicar o paciente é ouvi-lo. “Percebo que o médico novo não é levado a encarar a parte humana e é aí que está a importância da medicina. O que as pessoas mais precisam é de atenção, amor e respeito. Uma consulta tem que ir além da preocupação do sintoma. Tu tem que olhar para o teu paciente, ele precisa se sentir que pode confiar em ti. Se tem alguma coisa na minha vida de médica na qual sinto que não avancei foi ensinar essa turma jovem a dizer para os professores que deveria ter uma matéria de humanística, porque é muito importante tu dar para o teu paciente calor humano. Eles precisam aprender a tratar do paciente. Por isso acho que a gente faz um voluntariado em cada paciente que atendemos”, afirma.

Fonte: Simers