quinta-feira, 8 de maio de 2025

Canabidiol e epilepsia: estudo brasileiro revela potencial terapêutico promissor


 No silêncio de muitas madrugadas, há mães e pais que apenas desejam ver seus filhos dormirem em paz, livres dos espasmos que rompem a calma da noite. Quem tem criança que sofre de epilepsia, vive entre a ansiedade do próximo surto e a esperança silenciosa de um alívio duradouro. Agora, essa batalha ganha mais um reforço vindo da ciência.

Um estudo publicado na revista Ata Epileptologica, conduzido por pesquisadores da Universidade Tiradentes (UNIT) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), mostrou que o canabidiol (CBD) pode reduzir, em média, 41% das crises em pacientes com epilepsia resistente a medicamentos. O número é mais que o dobro da redução observada no grupo placebo, que foi de 18,1%.

Mais do que estatísticas, os resultados representam uma mudança concreta na qualidade de vida de pessoas que, até então, enfrentavam convulsões diárias e limitações severas, além da esperança de mais noites tranquilas para toda a família.

CBD e epilepsia: uma resposta terapêutica promissora

A pesquisa se debruçou sobre seis ensaios clínicos controlados e randomizados, comparando duas dosagens de CBD — 10 mg/kg/dia e 20 mg/kg/dia — em pacientes com epilepsia refratária. 

Ambas mostraram eficácia significativa na redução das crises, sendo que a dose maior controlou cerca de 12% mais episódios convulsivos. Mesmo assim, os cientistas reforçam que a dose menor se mostrou viável e segura para uso clínico.

De maneira geral, o canabidiol foi bem tolerado. Os efeitos adversos mais comuns como sonolência, perda de apetite e diarreia, foram considerados leves e não comprometeram a continuidade do tratamento.

“Nós observamos que a taxa de resposta ao tratamento com CBD foi 127% maior do que com placebo, um dado que precisa ser levado em consideração na construção de novos protocolos de tratamento e na incorporação do CBD aos sistemas públicos de saúde”, destaca um dos autores do estudo.

A fé no tratamento e as barreiras de acesso

Apesar dos resultados encorajadores, o estudo também chamou atenção para o elevado índice de resposta no grupo placebo — algo que os autores atribuem, em parte, ao impacto emocional e à expectativa das famílias. 

Em alguns casos, participantes chegaram a viajar aos Estados Unidos em busca de tratamento, especialmente para centros no estado de Ohio, onde o uso terapêutico do canabidiol é mais acessível.

Esse dado ilustra uma realidade ainda distante para a maioria dos brasileiros: o acesso limitado ao CBD. Os produtos utilizados na pesquisa foram todos importados, o que não apenas encarece o tratamento como também impõe algumas práticas burocráticas aos pacientes e seus familiares.

“Essas barreiras destacam a urgência de adaptarmos os estudos e os protocolos ao contexto brasileiro, promovendo políticas que ampliem o acesso e reduzam a dependência de importações”, aponta a publicação.

Próximos passos e a urgência de olhar para dentro

Os autores são enfáticos quanto à necessidade de mais estudos clínicos controlados para definir com precisão a dosagem ideal e as possíveis interações do CBD com outros medicamentos antiepilépticos. Mas, até lá, o recado já está dado: a ciência brasileira está pronta para contribuir, e o país precisa se abrir para soluções que levem em conta sua própria realidade.

Enquanto isso, para muitas famílias, cada nova evidência científica representa uma centelha de esperança. Um passo a mais na direção de dias com menos medo, menos crises e mais dignidade.



Fonte: Sechat 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Setre discute inclusão de pessoas com epilepsia com associação


 Representantes da Associação Baiana de Pessoas com Epilepsia, Familiares e Amigos (ABPEFA) reuniram-se, nesta quarta-feira, 23, com o secretário de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Augusto Vasconcelos, para discutir possibilidades de inclusão das pessoas com epilepsia por meio de ações de qualificação profissional, social e atividades esportivas executadas pela pasta.

A epilepsia é uma doença neurológica que atinge cerca de 2% da população no País. Apenas, em Salvador, a estimativa é que são mais de 50 mil pessoas e, no estado da Bahia, são 287 mil pessoas convivendo com essa doença neurológica de acordo com dados da Sociedade de Neurologia da Bahia.

"Estamos conversando sobre qualificação profissional e inclusão através do esporte. É necessário romper com os estigmas e construir uma política pública que não seja capacitista, mas pautada em direitos humanos e equidade. A gente está conversando muita coisa, muitas ideias boas estão sendo desenvolvidas neste diálogo", disse o secretário Augusto Vasconcelos.

A presidente da ABPEFA, Alessandra Conceição do Nascimento, ressaltou que a discussão é urgente. "A discussão passa pelo mercado de trabalho, a exclusão e, claro, a necessidade de construção de políticas públicas enquanto associação. Estamos aqui não apenas para conversar, dialogar, explicar a condição da pessoa com epilepsia, mas também entendemos que o acolhimento da secretaria é essencial para que possamos construir dias melhores para as pessoas com epilepsia. E, principalmente, atenuar o sofrimento entre as famílias e rede de apoio. Estamos aqui esperançosos com a visita de hoje", disse Alessandra.

Projetos - A epilepsia é uma condição neurológica que determina a necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, mas não transforma os pacientes em pessoas incapazes. Assim, uma das propostas da ABPEFA é a de que as qualificações sociais e profissionais das pessoas com epilepsia possam ser encaixadas em programas como o Qualifica Bahia, por meio de editais. Boa parte dos associados da ABPEFA é composta por pessoas de baixa renda que necessitam de (re)inserção no mercado formal de trabalho, ou de forma a estimular seu empreendedorismo.

A associação também pleiteia apoio ao evento Seminário Bahia: Convivendo com a Epilepsia - 2025, a ser realizado em agosto deste ano, em que abordaremos os Direitos Previdenciários e Assistenciais das Pessoas com Epilepsia. Outro ponto de inclusão seria o do Esporte, uma vez que os médicos indicam que a pessoa com epilepsia precisa de acesso a uma qualidade de vida melhor, o que também se dá por meio do esporte e das práticas de atividades físicas, ofertadas pela Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (SUDESB).



Fonte: Ascom Setre

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Associação alerta sobre falta de medicamentos para epilepsia em farmácias brasileiras


 Andreza de Oliveira 


São Paulo- A ABE (Associação Brasileira de Epilepsia) emitiu uma nota denunciando o desabastecimento de medicamentos utilizados no tratamento da epilepsia no Brasil, o clobazam (Frisium e Urbanil) e o fenobarbital (Gardenal).

Segundo a ABE, os fármacos estão em falta desde o último ano, mas o problema foi agravado em 2025. A causa da indisponibilidade, de acordo com a associação, está relacionada a uma transferência da produção até então comandada pela farmacêutica Sanofi para outra empresa.

Vice-presidente da associação e membro da LBE (Liga Brasileira de Epilepsia), Lécio Figueira diz que o desabastecimento começou no fim de outubro e o principal problema está relacionado, principalmente, ao clobazam. "Recebemos muitos depoimentos de pessoas desesperadas com a falta porque não há um substituto equivalente", completa.

A ABE diz que a associação chegou a conversar com a Sanofi para prazos de regularização do abastecimento dos medicamentos, mas não tiveram sucesso no prazo estabelecido, de acordo com eles, que era até fevereiro.

O Frisium e o Urbanil são tratamentos importantes, principalmente, para pacientes mais graves, segundo a Figueira. "Basta uma dose sem o remédio para ter crise. Se o tratamento é interrompido brutamente também acontecem crises até mais fortes, colocando a vida dos pacientes em risco", completa o vice-presidente da associação.

Em outubro do último ano, a ABE fez uma carta aberta para tentar normalizar o abastecimento dos medicamentos. Desde o período, reuniões com as empresas envolvidas também foram convocadas para tentar reformular um plano de abastecimento efetivo.

"Uma empresa que resolveu parar de produzir, vendeu para outra e não tinha um preparo para isso, o que infelizmente é recorrente e causa desabastecimento dos produtos", segundo Figueira.

A associação afirmou ainda que por conta do desabastecimento, ingressou no último dia 11 com uma ação judicial junto ao Ministério Público solicitando a intervenção do governo para reabastecimento dos medicamentos.

Procurada pela Folha, a Sanofi informou que os medicamentos Frisium, Urbanil e Gardenal tiveram seus registros transferidos para a companhia Pharlab em fevereiro de 2025, com operações comerciais conduzidas pela empresa M8 (Moksha8).

"Como há uma atualização de embalagem em andamento, as caixas dos produtos ainda exibem a logomarca da Sanofi, mas desde fevereiro, tanto o registro de desabastecimento quanto as definições relacionadas à comercialização dos medicamentos são de responsabilidade da nova empresa detentora dos registros dos medicamentos", diz o comunicado.

A Pharlab informou que desde de 9 de fevereiro deste ano a Moksha8 passou a ser responsável pela comercialização do produto no Brasil e que o processo de transferência de titularidade não tem relação com o desabastecimento do produto no mercado.

A farmacêutica afirmou ainda que a comercialização dos produtos foi retomada em março deste ano e que os produtos continuam sendo fabricados no Brasil.

Em nota, a Anvisa informou não possuir instrumento legal que impeça os laboratórios farmacêuticos de retirarem seus medicamentos do mercado. No entanto, desde 2014 as empresas devem comunicar a descontinuação definitiva ou temporária de fabricação ou importação de medicamentos com pelo menos 180 dias de antecedência, assegurando o fornecimento normal do produto durante esse período.

Em casos de descontinuação não programada por alguma imprevisibilidade, a Anvisa diz que a comunicação à agência deve ocorrer no prazo máximo de 72 horas. O desrespeito à norma sujeita os infratores às penalidades.

A Anvisa ainda informou que a notificação mais recente de descontinuidade de clobazam e de fenobarbital é de setembro de 2024, ambos feitos pelo fabricante Sanofi Medley. "Trata-se de uma descontinuidade temporária de acordo com o fabricante", diz o comunicado.

Segundo a agência, no Brasil ainda existem outros fabricantes com registro válido do medicamento.

O Ministério da Saúde informou que informações sobre compra, abastecimento e distribuição dos medicamentos são de responsabilidade dos estados e municípios brasileiros.



Fonte: Folha de São Paulo 

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Comissão de Saúde da Alesc debate desafios dos 140 mil pacientes com epilepsia em SC


 Com uma população estimada de 140 mil pessoas sofrendo de epilepsia, Santa Catarina precisa reimplantar o Centro Cirúrgico de Epilepsia, que funcionou entre 2008 a 2015 no Estado. Essa foi uma das demandas apresentadas pela médica neurologista, professora Katia Lin, na reunião com os membros da Comissão da Saúde na manhã desta quarta-feira (9) no Parlamento.

A presença da especialista foi um convite do deputado doutor Vicente Caropreso (PSDB), que observou a importância desse debate para definir políticas públicas para essa parcela da população. “É um problema sério que necessita de apoio, de esclarecimentos e de uma política pública”, observou, pontuando que o debate é para tratar de ações relacionadas ao “Dia Estadual da Conscientização sobre a Epilepsia”, que é celebrado em 26 de março.

Katia Lin, que é ex-presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (gestão 2022- 2024), disse que a doença é um desafio complexo, que necessita de uma abordagem multifacetada e multiprofissional e que Santa Catarina já foi referência nacional no tratamento dessa doença.

“Precisamos de apoio para reativar esse programa em Santa Catarina, que era referência nacional ao oferecer tratamento cirúrgico para pacientes epilépticos”, disse. A médica apresentou números a respeito da doença.

No Brasil, estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas sofrem com epilepsia, que é uma doença neurológica crônica que se caracteriza por crises epilépticas. “A epilepsia é uma doença comum, que afeta homens e mulheres de todas as idades, cerca de 1% da população brasileira, um número que vem aumentando, conforme a proporção de idosos cresce”, alerta.

Ela ainda revela que para enfrentar essa enfermidade é possível promover ações de conscientização, como informar a população sobre a epilepsia, suas causas, sintomas e tratamentos. “Promover a compreensão e desconstruir estigmas, criando um ambiente mais inclusivo”, reitera. Ainda, “iluminar prédios públicos com a cor roxa, em símbolo de solidariedade e apoio aos pacientes e familiares”, sugeriu.

Os membros do colegiado manifestaram apoio a este debate e à adoção de políticas públicas em prol de pacientes epilépticos. Eles observaram que o SUS oferece tratamento, mas que é necessário avançar e se unir à causa apresentada pela médica de reimplantar o Centro Cirúrgico de Epilepsia em Santa Catarina.

“Vamos levar essa demanda à Secretaria de Saúde do Estado”, declarou o presidente da Comissão de Saúde, Neodi Saretta (PT), com o apoio dos demais membros do Colegiado.

Além da presença da doutora Kátia Lin, o diretor executivo da Associação Educadora São Carlos (AESC), Alciomar Marin, aproveitou o momento para divulgar a realização da 15ª Convenção Brasileira de Hospitais, agendada para acontecer em Florianópolis, nos dias 24 e 25 de julho deste ano e que vai reunir mais de dois mil profissionais da saúde em Santa Catarina.



Fonte: OCP News 

quinta-feira, 10 de abril de 2025

“Cheiro da crise”: Entenda como cães de suporte preveem crises de epilepsia

Você sabia que cães de suporte podem antecipar crises de epilepsia? Essa habilidade surpreendente de prever uma crise antes que ela aconteça tem chamado a atenção de muitos. 

Há casos de cães que ajudam a salvar vidas, alertando seus tutores para que eles possam tomar as medidas necessárias. Como será que eles fazem isso?

Um caso que viralizou nas redes sociais mostrou a incrível habilidade de um cão de suporte que foi capaz de avisar sua tutora sobre a iminência de uma crise de epilepsia. 

O cão, em um momento de antecipação, indicou à tutora que ela teria uma crise ao fazer com que ela se sentasse no chão. Além disso, o animal foi até o local onde estavam o remédio e a água, trouxe tudo para ela e, com muito cuidado, deitou-se sobre a tutora para mantê-la segura até que a crise passasse. 

Esse comportamento foi um dos muitos relatos que demonstram a competência dos cães em ajudar seus tutores a lidar com essa condição.

A grande questão que se coloca é como os cães conseguem prever esses episódios antes mesmo de eles acontecerem. Embora os detalhes precisos ainda não sejam totalmente compreendidos, pesquisas sugerem que os cães possuem um sentido altamente desenvolvido de olfato e audição, além de uma capacidade única de perceber mudanças fisiológicas no corpo de seus tutores. 

Eles podem detectar alterações no cheiro do corpo da pessoa, ou mesmo mudanças na postura e no comportamento antes que o tutor perceba qualquer sinal. 

Alguns especialistas acreditam que as crises de epilepsia podem liberar substâncias químicas ou feromônios no corpo do ser humano, que os cães, com seu olfato aguçado, conseguem identificar com precisão. 

Essa habilidade é fundamental, pois permite que os cães alertem os tutores a tempo de evitar acidentes, buscar ajuda ou tomar medicamentos que possam mitigar a crise.

Além disso, os cães de suporte não se limitam a avisar sobre a crise. Eles são treinados para tomar ações que garantam a segurança de seus tutores durante um episódio. 

Eles sabem o que fazer para ajudar na manutenção da calma, e suas ações muitas vezes fazem toda a diferença no controle da situação.

A importância dos cães de suporte

Os cães de suporte desempenham um papel vital na vida de muitas pessoas que convivem com condições médicas, como a epilepsia. 

Eles não são apenas companheiros fiéis, mas inclusive salvadores em momentos críticos. A importância desses cães vai muito além de simples companhia, pois eles oferecem segurança, independência e uma qualidade de vida que poderia ser difícil alcançar sem sua ajuda.

Além da habilidade de prever crises, os cães de suporte são treinados para fornecer suporte emocional, acompanhar os tutores em suas atividades cotidianas e até mesmo ajudar em tarefas simples, como pegar objetos ou alertar sobre possíveis perigos. 

Quando um cão é treinado para fornecer assistência durante uma crise, ele pode significar a diferença entre a segurança e o risco de lesões graves. Esses cães oferecem confiança e conforto, permitindo que as pessoas com epilepsia se sintam mais seguras e capacitadas para realizar atividades que, de outra forma, poderiam ser impossíveis ou extremamente arriscadas.

O impacto de um cão de suporte na vida de um tutor com epilepsia é profundo e contribui para o bem-estar mental e emocional, promovendo uma vida mais equilibrada e independente. 



Fonte: Portal Dog