quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

O episódio de ‘Pokémon’ que causou epilepsia: o que a ciência diz sobre isso?

Um episódio de “Pokémon” causou um enorme transtorno no Japão, levando diversas crianças a irem para o hospital em virtude de ataques epiléticos. Se trata do episódio 38 da primeira temporada, exibido por 37 canais nacionais, no dia 16 de dezembro de 1997.

O nome do episódio em questão é Denno Senshi Porygon, onde o protagonista Ash e seu grupo de amigos iam para um universo digital. Acontece que, durante aproximadamente 20 minutos no episódio, o Pokémon Pikachu tenta derrotar um programa de antivírus utilizando seus poderes elétricos.

Nessa ocasião, os desenhistas acharam interessante tentar visuais diferentes. Para isso, foi utilizada a técnica de alternar rapidamente duas cores através de flashes estroboscópicos, conhecida como paka paka. As cores escolhidas pelos desenhistas foram azul e vermelho, utilizando 12 flashes (ou frames) por segundo.

De acordo com o produtor-executivo Takemoto Mori, essa mesma técnica já havia sido utilizada diversas vezes anteriormente, no mesmo programa, e ressaltou também que houve uma exibição de teste antes de veicular o episódio para todo o país.

Consequências do episódio de ‘Pokémon’

Acontece que 4 milhões de pessoas estavam assistindo ao episódio no momento em que foi exibida a cena com a técnica utilizada. Desses espectadores, 685 crianças foram levadas por ambulâncias para o hospital, sendo que houve outras com sintomas que não chegaram a ser socorridas.

O total relatado oficialmente foi de 12 mil crianças sofrendo com visão borrada, tontura, dor de cabeça e até mesmo convulsões já no primeiro dia. Ainda, outras tiveram vômitos, irritação nos olhos, cegueira temporária, náusea e desmaios.

No dia seguinte, a cena foi reprisada por um noticiário que debatia o caso. Outras 600 crianças tiveram dores de cabeça, convulsões e problemas de respiração. Por fim, de acordo com o canal NHK, no dia 17 – um dia após a exibição do episódio – ainda restavam 111 crianças em hospitais.

Explicação científica

O autor Benjamin Radford, em estudo realizado para o Jornal de Medicina da revista Vice, relatou que o ocorrido na ocasião foi um misto de histeria coletiva e epilepsia fotossensível. Isso se dá porque somente uma entre quatro mil pessoas está suscetível à essa condição.

Assim, depois da exibição do episódio problemático, a notícia circulou rapidamente, causando uma sensação de pânico que contribuiu para que mais crianças tivessem sintomas adversos. Esse pânico ainda é somado com o período em que o episódio foi exibido, que coincidiu com a semana de provas no Japão.

Como consequência desse episódio, a série ficou parada por quatro meses e quase foi cancelada. O episódio 38 foi proibido de ser transmitido no mundo e Porygon, o personagem, nunca mais apareceu no desenho. Ainda, as ações da Nintendo tiveram uma queda de 5% na bolsa.



Fonte: Multiverso Notícias


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