Desenvolvida pela empresa norte-americana Neurona Therapeutics, a terapia com células-tronco está na Fase I/II dos estudos clínicos, que poderão incluir até 10 voluntários — hoje, duas pessoas com epilepsia testam a técnica que aparenta ser altamente promissora. Esse impacto na redução das convulsões foi obtido após uma única dose da terapia, já considerada de efeito prolongado.
Até o momento, nenhum estudo foi publicado em uma revista científica, mas os dados preliminares foram apresentados no congresso anual da International Society for Stem Cell Research, que ocorreu na última semana, nos Estados Unidos.
Tratamentos atuais para pacientes com epilepsia
No mercado, já existem medicamentos para o tratamento de epilepsia. A questão é que cerca de 30% dos pacientes não respondem ao tratamento convencional, o que exige o desenvolvimento de novas soluções e tratamentos. Entre as alternativas, está a intervenção cirúrgica, em que parte do tecido cerebral é removida, mas são inúmeros riscos para o indivíduo, como déficits cognitivos irreversíveis.
Além da nova proposta da terapia com células-tronco, diferentes frentes de pesquisa buscam tratamentos alternativos. No Brasil, uma vertente que ganha bastante força é o do uso da cannabis medicinal, associada com o controle das convulsões. Outra frente de pesquisa está relacionada com a estimulação elétrica intracraniana, feita por pesquisadores suíços, através de eletrodos implantados no cérebro. Neste caso, os resultados ainda são preliminares.
Como funciona a terapia com células-tronco para epilepsia?
Vale explicar que esta nova terapia celular é composta por uma solução de neurônios inibitórios, também conhecidos como interneurônios, que "amortecem" as descargas de impulsos elétricos entre os neurônios, impedindo as convulsões. Estas células foram derivadas (originadas) de células-tronco cerebrais e são injetadas exclusivamente na região associada com as crises epilépticas no cérebro.
Sem provocar efeitos adversos graves, a terapia celular inovadora foi aplicada em dois voluntários que não respondiam aos medicamentos convencionais:
Primeiro paciente: sofria com a epilepsia há sete anos e, nos seis meses anteriores à injeção, sofria com 32 convulsões, em média, por mês.
Segundo paciente: enfrentava convulsões provocadas por epilepsia há mais de nove anos. Em média, eram 14 convulsões por mês.
No primeiro caso, nenhum episódio de convulsão foi observado nos primeiros sete meses após a intervenção. Agora, "esperamos que essas melhorias continuem nos testes em andamento", afirma Cory Nicholas, CEO da Neurona Therapeutics, em comunicado. A atual etapa de pesquisa deve ser concluída entre 2025 e 2026.
Nenhum comentário:
Postar um comentário