quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Novas descobertas indicam progressos para tratar a epilepsia

Foto: Reprodução

A epilepsia é uma doença caracterizada pela predisposição do cérebro a gerar crises epilépticas com consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais.  Esta definição é proposta pela Liga Internacional Contra a Epilepsia (ILAE). “Compreende-se que o tratamento desta doença visa não apenas ao controle das crises, mas também todos os distúrbios delas decorrentes, respeitando as características de cada indivíduo”, explica a dra. Maria Luiza Giraldes de Manreza, secretária do Departamento Científico de Epilepsia da Academia Brasileira de Neurologia.
Define-se a crise epiléptica como a ocorrência transitória de sinais devido a uma atividade neuronal anormal, excessiva e síncrona no cérebro. Do ponto de vista clínico, elas são classificadas como generalizadas (quando existe um rápido acometimento de ambos os hemisférios cerebrais) e focais (quando a área envolvida é mais localizada).
Diagnóstico e causas
O diagnóstico clínico se baseia nas características da crise e da sua origem. Para confirmação, é importante realizar o eletroencefalograma que determina o tipo de crise epiléptica. “Entre os exames de neuroimagem, a ressonância magnética é, de um modo geral, a mais indicada, por ser mais específica e mostrar maior número de lesões. A tomografia pode ser necessária para patologias que cursam com calcificações”, comenta.
Segundo a dra. Maria Luiza, a epilepsia admite seis tipos de etiologia: genética, resultante de um defeito genético conhecido ou presumido em que as crises são os sinais fundamentais do distúrbio; estrutural, em que são observadas anormalidades nos exames de neuroimagem que poderiam explicar, de modo razoável, a enfermidade do paciente; metabólica, associado a distúrbios metabólicos; imune, em caso de evidências de uma inflamação do sistema nervoso central de origem autoimune; infecciosa, em que uma infecção acomete o sistema nervoso central; desconhecida, quando a causa subjacente é ainda desconhecida.
Tratamento e fatores de risco
O tratamento da epilepsia é basicamente com medicamentos. Em situações mais específicas, existe a cirurgia, a dieta cetogênica e o estimulador vagal. É importante ressaltar que a decisão terapêutica é diferente do diagnóstico, considerando as particularidades, a vontade do paciente, o risco-benefício individual e as opções disponíveis. A escolha do fármaco antiepiléptico (FAE) é feita de acordo com o tipo de crise epiléptica, a eficácia e efeitos colaterais do medicamento bem como as características individuais do paciente.
A frequência de recorrência de crises varia de acordo com diversos fatores como idade do paciente, tipo de crise, etc . “A probabilidade de ocorrer uma segunda crise epiléptica, no período de um ano após a primeira, na infância e adolescência varia de 14% a 65%, enquanto em adultos é de 40% a 46%, e em idosos este risco chega a 80%”, aponta a Dra. Maria Luiza. No Brasil, as estimativas são de 1,8 e 3,6 milhões de pessoas com de epilepsia. No mundo inteiro, são cerca de 65 milhões de pessoas com a doença.
Entre os fatores para recorrência, estão histórico anterior de crise epiléptica, casos de lesão cerebral ou anormalidades no exame neurológico e descargas epileptiformes no eletroencefalograma. Em 70% dos casos, as crises epilépticas podem ser controladas com a terapêutica medicamentosa.
Enfoque na doença
Desde os anos 1990, há um contínuo avanço nos exames de neuroimagem que auxiliam no diagnóstico e na compreensão das crises epilépticas e das epilepsias.  No início deste século, observa-se a expansão em genética. Segundo a dra. Maria Luiza, observa-se ainda o surgimento de uma nova proposta de classificação para epilepsia e crises epilépticas. “Mais do que classificar a doença, esta proposta reflete uma nova concepção da epilepsia e de sua fisiopatogenia. Além disso vale ressaltar que tanto a pesquisa contínua de novos fármacos bem como a nova indicação de formas terapêuticas mais antigas como o emprego da dieta cetogênica no estado de mal epiléptico refratário também estão em andamento”, destaca.
Fonte:The São Paulo Times



Nenhum comentário:

Postar um comentário