quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Cirurgia bariátrica pode aumentar risco de epilepsia, indica estudo

 

Apesar de ser uma orientação médica em casos de obesidade, a cirurgia bariátrica pode apresentar alguns riscos. Além dos perigos de uma eventual cirurgia, de acordo com uma nova pesquisa esse procedimento também pode aumentar o desenvolvimento de epilepsia.

Pesquisadores relatam em um estudo publicado na revista Neurology, na quarta-feira (28 de setembro), que estudos anteriores já haviam feito essa associação, mas, até então, ela não havia sido adequadamente explorada.

“Nossos objetivos foram estimar o risco de epilepsia após cirurgia bariátrica em relação a pacientes com diagnóstico de obesidade que não realizaram o procedimento, e identificar fatores de risco de epilepsia entre aqueles que realmente fizeram a cirurgia bariátrica”, explicam os especialistas na pesquisa.

Jorge G. Burneo, professor de Neurologia e Epidemiologia da Universidade Western, no Canadá, conta que essa cirurgia que envolve a alteração do sistema digestivo, tornou-se um tratamento mais comum para perda de peso.

Embora a cirurgia bariátrica seja um tratamento eficaz para a obesidade e condições crônicas relacionadas à obesidade, como pressão alta e diabetes tipo 2, nossa pesquisa descobriu que os receptores de cirurgia bariátrica têm um risco elevado de epilepsia”, disse Burneo, em comunicado.

Riscos elevados

Examinando bancos de dados administrativos de saúde vinculados em Ontário, no Canadá, os pesquisadores reuniram pessoas acima de 18 anos que realizaram a cirurgia bariátrica entre 2010 e 2016. Depois de excluir pessoas com histórico de convulsões, epilepsia, transtornos psiquiátricos ou abuso de drogas ou álcool, eles chegaram no número final de 16.958 pessoas.

Esses participantes foram comparados com 622.514 pessoas com obesidade que não fizeram cirurgia bariátrica. Ambos os grupos foram acompanhados por um período mínimo de três anos. Uma limitação do estudo é que os pesquisadores não conseguiram medir o status de obesidade ou o índice de massa corporal (IMC) ao longo da análise e os especialistas alertam que algumas condições relacionadas à obesidade podem afetar o risco de epilepsia.

Os resultados mostraram que um total de 73 pessoas, ou 0,4%, daqueles que fizeram cirurgia bariátrica desenvolveram epilepsia, em comparação com 1.260 pessoas, ou 0,2%, daqueles que não fizeram a cirurgia.

Quando analisado em um recorte que incluía fatores que podem afetar o risco de epilepsia, como diabetes e pressão alta, os pesquisadores descobriram que as taxas estimadas de epilepsia eram de 50 por 100 mil entre as pessoas que fizeram cirurgia bariátrica e 34 por 100 mil entre aquelas que não passaram pelo procedimento.

Pessoas que fizeram cirurgia bariátrica tiveram um risco 45% maior de desenvolver epilepsia em comparação com pessoas que não fizeram cirurgia bariátrica.

Ao realizarem outras análises, os cientistas também verificaram que, as pessoas que tiveram um acidente vascular cerebral (AVC) após a cirurgia bariátrica tiveram 14 vezes mais chances de desenvolver epilepsia do que aquelas que não tiveram um derrame.

Embora haja muitos benefícios na perda de peso para a saúde, nossas descobertas sugerem que a epilepsia é um risco a longo prazo da cirurgia bariátrica. Pesquisas futuras devem investigar a epilepsia como uma potencial complicação a longo prazo do procedimento, explorando os possíveis efeitos”, conclui o pesquisador.



Fonte: Revista Galileu

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