sábado, 15 de agosto de 2015

Familias conseguem simplificar importação do canabidiol

A importação do canabidiol (CBD), substância derivada da maconha usada em tratamentos de convulsões, tornou-se menos burocrática nos últimos meses depois da longa luta das famílias dos pacientes. O produto deixou de ser ilegal em janeiro e foi colocado na lista de substâncias controladas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No mês passado, a Receita Federal publicou uma portaria que tira os impostos desse tipo de transação. Mas pessoas com doenças que dependem do CBD para evitar as crises ainda encontram dificuldades na rede pública de saúde. Pelo menos uma família disse ter ouvido do próprio médico que ele estaria proibido de prescrever o medicamento.
Hoje, a Anvisa tem 891 pedidos recebidos e 809 já aprovados. Até o fim de março, eram 499 autorizados. De lá para cá, houve, em média, quase 80 processos abertos por mês — número que reflete como a importação se tornou mais simples desde a reclassificação do CBD. Agora, a autorização para trazer o medicamento vale por um ano e não será mais necessário fazer um novo pedido à agência a cada importação. Antes da nova regra, era preciso pagar o imposto para retirar a encomenda ou o produto retido no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Com a publicação da Portaria nº 454, o paciente receberá o medicamento em casa sem pagar os tributos federais.
Durante um ano e quatro meses, a nutricionista Camila Guedes, 34 anos, lutou contra as crises convulsivas do filho Gustavo, que tem a síndrome de Dravet — doença degenerativa rara que provoca crises epilépticas. Depois de muitas batalhas, ele foi o primeiro no país a conseguir a autorização da Anvisa para importar o canabidiol de maneira legal. Levou cerca de 40 dias até o menino começar a usar o medicamento. Em junho, sete dias depois de iniciar o tratamento com CBD, Gustavo foi levado para um hospital, mas não resistiu às complicações decorrentes de uma série de convulsões. A nutricionista transformou a ausência do filho em razão para lutar com outras famílias pela liberação do uso da maconha medicinal.
Em dezembro, Camila descobriu estar grávida. Gabriel estava a caminho. Durante a gestação, a família fez aconselhamento genético para saber se o casal poderia ter outro filho. O menino nasceu no Dia dos Pais. “Temos muita fé de que o Gabriel é normal e que vai dar tudo certo. É uma paz para o coração saber que não somos responsáveis pela doença do Gugu.”

Fonte: Correio Braziliense



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