Um
laboratório de Toledo, no oeste do Paraná, deve ser o primeiro a
produzir e vender no país o extrato de canabidiol - substância extraída
da maconha.
Em fase final de testes clínicos, a previsão dos pesquisadores é que o
medicamento esteja disponível no mercado até o fim de 2018.
O extrato de canabidiol (CBD) tem efeito anticonvunsionante e é usado principalmente no tratamento de epilepsia em crianças. Atualmente, o produto precisa ser importado com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
As pesquisas vêm sendo desenvolvidas em conjunto pelo laboratório farmacêutico Prati Donaduzzi e a Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (SP) - primeiro centro de estudos do canabidiol no Brasil -, há três anos, quando foram importadas as primeiras plantas e iniciados os testes com a Cannabis sativa.
O projeto teve investimento inicial de R$ 11 milhões.
De acordo com o professor Jaime Hallak, da Faculdade de Medicina da
USP, além de reduzir os custos com importação, a produção em laboratório
promete garantir uma substância mais pura e completamente livre do THC,
o princípio que causa o efeito psicoativo da maconha.
O presidente da Prati Donaduzzi, Eder Fernando Mafissonni, calcula que
os estudos clínicos sejam concluídos ainda neste semestre. Cento e vinte
e seis crianças estão recebendo o medicamento em São Paulo.
Somos o laboratório com os estudos mais avançados no mundo e queremos
ser o primeiro a conseguir comprovar a eficácia terapêutica do
canabidiol. O nosso também será o primeiro no mundo considerado
medicamento", comentou.
O produto foi patenteado no Brasil e no exterior. O próximo passo será o
registro nos órgãos sanitários e em seguida a comercialização.
Além da epilepsia, a esquizofrenia e o mal de Parkinson são as doenças com estudos mais avançados em relação ao uso do canabidiol feitos pelos pesquisadores da USP.
Para baratear o medicamento, a parceria estuda também a produção em
laboratório do canabidiol sintético, processo em que não há necessidade
de se ter a Cannabis sativa em planta.
O extrato é obtido a partir da estrutura molecular, com técnicas de
bioquímicas e farmacêuticas, por meio das quais se cria artificialmente
moléculas com a mesma eficácia.
Neste caso, a expectativa é que o produto esteja no mercado em três anos.
Benefícios
Ângela Schmitz importa o produto do Reino Unido para o filho Lucas, de
11 anos. O menino começou a ter convulsões aos quatro anos.
"Nós perdemos o chão e ele teve a mudança de uma vida normal de criança
para uma vida sempre com alguém cuidando, atendendo, porque não dava
para deixar ele sozinho", conta.
Desde então, com até 30 crises epiléticas por dia, foram muitos tratamentos e medicamentos até chegar ao canabidiol.
Ele chegou a tomar oito anticolvulsionantes. Depois que nós começamos
com o canabidiol, as crises reduziram em mais de 80% e ele teve muito
mais qualidade de vida. Agora ele pode fazer coisas de criança normal",
destaca Ângela.
Por mês, Lucas usa três vidros do medicamento. Cada um custa US$ 390, fora o custo do transporte.
O produto nacional deve tanto reduzir o custo como alguns transtornos
ainda comuns no processo de importação, facilitando o acesso para quem
precisa.
"Você não sabe se vai chegar no prazo que precisa, por isso tem que ter
um estoque muito maior do que imagina que vai usar. Pode haver problema
na saída do país que vende ou na entrada do país da pessoa que está
comprando, problema de transporte ou de receber um produto danificado e
ter dificuldade para reclamar", aponta.
Ângela acredita ainda que o medicamento feito no país pode trazer mais
tranquilidade também quanto à certeza da procedência e da qualidade do
produto.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário