Júlia Almeida cresceu diante das câmeras, conhecida pelo público brasileiro desde cedo por suas atuações em novelas escritas pelo pai, Manoel Carlos. Mas, nos bastidores, a atriz e escritora enfrentou desafios pouco falados. Diagnosticada com epilepsia, ela teve que aprender a lidar não apenas com a condição, mas também com os estigmas que a cercam.
Neste mês de março, em que se celebra o Dia Roxo – data mundial de conscientização sobre a epilepsia –, Júlia reforça a importância do debate sobre a doença. “Desde o meu diagnóstico, encaro cada dia como uma nova oportunidade para crescer e redescobrir a força que existe em mim. Aprendi que o autocuidado vai além do aspecto físico. Cuidar da minha saúde emocional e mental virou prioridade”, afirma.
A epilepsia atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e ainda carrega uma série de tabus. Júlia conta que, ao contrário do que muitos podem imaginar, nunca sofreu preconceito externo pela doença, mas precisou superar suas próprias barreiras internas. “O maior preconceito que enfrentei foi o que eu mesma impus a mim. Foi um processo de aceitação, de aprender a me respeitar. Ainda há muito estigma sobre a epilepsia, e acredito que só conseguimos mudar isso com educação e empatia”, diz.
A conscientização, para ela, é um dos caminhos mais eficazes para quebrar preconceitos. Quando decidiu falar abertamente sobre a doença, em 2018, ficou surpresa com a quantidade de pessoas que a procuraram para compartilhar histórias semelhantes. “Muita gente se sente isolada, escondendo a condição por medo de julgamento. Vivemos em uma sociedade onde os rótulos nos definem, e é essencial trazer à tona conversas que antes eram evitadas”, explica.
Júlia também acompanha de perto os avanços nos tratamentos e destaca a importância da informação. “Nos últimos anos, percebi mudanças significativas na forma como falamos sobre a epilepsia. O uso do canabidiol, por exemplo, tem sido cada vez mais estudado e debatido. Além disso, temas como meditação, alimentação e saúde mental ganharam mais espaço na sociedade”, afirma. Ela recomenda perfis de redes sociais que abordam o tema de forma acessível, como os da neurocientista Juliana Passos (@julianapassos.neuro) e da organização britânica Epilepsy Society (@epilepsysociety).
Em sua trajetória, a atriz reforça a importância de um ambiente de acolhimento para pessoas diagnosticadas com epilepsia. “Enfrentar essa condição exige coragem. Ter uma rede de apoio faz toda a diferença. Precisamos continuar promovendo a conscientização e garantir que todos tenham acesso à informação e ao tratamento adequado”, conclui.
Fonte: O Globo
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