quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Professores e alunos da UFC integram pesquisa nacional sobre prevenção de epilepsia em pacientes com traumatismo cranioencefálico


 Um estudo vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e desenvolvido pelo Hospital Sírio-Libanês ganhou destaque nacional com a participação de pesquisadores de diversas regiões brasileiras. Há dois anos, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Santa Casa de Misericórdia de Sobral (SCMS) integram o projeto "Biperideno para prevenção de epilepsia em pacientes com trauma cranioencefálico".

O projeto é um ensaio clínico de fase 3 (multicêntrico, randomizado, placebo-controlado e duplo cego). A iniciativa conta com investimento do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Além do Ceará, participam do estudo pesquisadores de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia e Amazonas.

O estudo tem como objetivo avaliar os efeitos do uso de biperideno na prevenção de epilepsia pós-traumática (EPT) em pacientes com traumatismo cranioencefálico (TCE) e hemorragia intraparenquimatosa e/ou contusão confirmada. Biperideno é um medicamento anticolinérgico utilizado para tratar alterações motoras, quer da doença de Parkinson, quer secundárias ao uso de antipsicóticos.

A neuropsicóloga e professora dos cursos de medicina e psicologia do Campus da UFC em Sobral, Eva Cristino, explica que a epilepsia pós-traumática é um quadro neurológico que ocorre como sequela de traumatismo cranioencefálico e que o estudo tem como foco a prevenção. “A nossa hipótese é que o biperideno, se administrado em até 18 horas após a lesão encefálica, seria capaz de prevenir o surgimento da epilepsia pós-traumática”, explica a professora.

Entre os benefícios diretos e indiretos do projeto, a professora da UFC destaca a melhoria da saúde pública e dos fluxos de assistência, a implementação de uma cultura de pesquisa, o fortalecimento de parcerias institucionais e o desenvolvimento de pesquisas de ponta. “E para a comunidade acadêmica, pesquisas como essa oportunizam contextos de execução e aprendizado de pesquisas com metodologias robustas, contato com diferentes etapas de pesquisa e possibilidade de publicações e parcerias nacionais”, afirma a neuropsicóloga.

O estudo tem previsão de ser concluído em 2027. A neuropsicóloga Eva Cristino destaca a importância de consolidar uma ciência aberta e colaborativa. “Uma cultura de pesquisa saudável pode significar a adoção de comportamentos, atitudes, valores e normas que incentivem a ciência aberta e colaborativa, envolvendo uma força de trabalho diversificada. É necessário o engajamento das equipes interdisciplinares de saúde, da população alvo, e, também, de toda a rede de assistência que muitas vezes está diretamente vinculada à gestão de saúde”, conclui Eva Cristino.

A equipe da UFC é composta por professores dos cursos de medicina e psicologia do Campus de Sobral, além de estudantes de iniciação científica. Participam do estudo os professores Eva Dias Cristino, Keven Ferreira da Ponte, Paulo Roberto Lacerda Leal, Gerardo Cristino Filho e Alex Sandro de Moura Grangeiro.

O projeto conta ainda com a colaboração do professor Armênio Aguiar do Santos, professor da Faculdade de Medicina da UFC e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UFC. O autor do projeto é o pesquisador Luís Eugênio de Araújo de Moraes Mello, professor titular de fisiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A Santa Casa de Misericórdia de Sobral é um dos centros de pesquisa do projeto. Referência em trauma na macrorregião de Sobral, a Santa Casa de Misericórdia foi reconhecida, em 2007, como hospital de ensino, campo de práticas de cursos técnicos, graduação e pós-graduação, concedendo estágios curriculares, extracurriculares e visitas técnicas aos estudantes do Campus de Sobral da UFC.

SAIBA MAIS - O ensaio clínico é uma pesquisa científica realizada com seres humanos para avaliar a segurança e a eficácia de novos tratamentos, como medicamentos, vacinas ou procedimentos médicos. Ele segue protocolos rigorosos aprovados por comitês de ética e é conduzido em fases, cada uma com objetivos específicos. Na fase 3, que envolve centenas ou milhares de pacientes, o novo tratamento é comparado ao padrão existente ou a um placebo, permitindo confirmar sua eficácia, monitorar efeitos adversos e coletar dados necessários para aprovação regulatória.

O projeto em questão é um ensaio clínico de fase 3, caracterizado como multicêntrico, randomizado, placebo-controlado e duplo cego. Isso significa que é realizado em diferentes centros para abranger contextos diversos, que os participantes são distribuídos de forma aleatória, e que existem dois grupos, um recebendo a medicação e outro o placebo, com protocolos idênticos. Além disso, nem os participantes nem os pesquisadores sabem quem está em cada grupo, garantindo que os resultados não sofram influência de expectativas ou vieses.



Fonte: Universidade Federal do Ceará 

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