domingo, 31 de maio de 2015

Dostoievski uma celebridade que tinha epilepsia

O mais importante escritor russo da história nasceu em 11 de novembro de 1821. Perdeu a mãe muito cedo por tuberculose, e seu pai foi provavelmente assassinado por colonos, revoltados com os maus tratos que recebiam. Este fato provocou-lhe sentimentos intensamente conflituosos de ódio em relação ao pai, inclusive com desejo de morte, e se refletiu em algumas de suas obras literárias. Dostoiévski ingressou numa escola militar de Engenharia contra a sua vontade, e aproveitou este período para ler tudo o que podia ter ao seu alcance, construindo o cabedal literário que embasaria sua futura obra. Ainda na adolescência, apresentou uma primeira crise convulsiva, que se repetiria durante toda a sua vida. Aos 22 anos, deixou o exército para se consagrar como escritor de sucesso. Embora se aceite que o escritor realmente era portador de epilepsia, discute-se em qual grupo esta poderia ser enquadrada. Parte do que se sabe acerca das crises de Dostoiévski foi retirada dos seus próprios romances, em vários momentos autobiográficos. Favorecendo a hipótese de epilepsia do lobo temporal, há descrições clássicas de auras extáticas, que acometiam um dos personagens do livro O Idiota. Em Os Irmãos Karamazov, um dos personagens apresentava aura "laríngea", descrita como um espasmo vocal. A esposa de Dostoiévski descreveria um tipo de aura apresentada pelo escritor, caracterizada por "coceiras" na mão, as quais eram seguidas por uma convulsão, o que remete à possibilidade de aura sensitiva. Entretanto, não há indicações claras sobre o clássico comportamento intercrítico, geralmente observado em portadores de epilepsia do lobo temporal: o escritor não apresentava significativos distúrbios psicomotores, assim como não foram referidas manifestações de viscosidade ou de alterações de sexualidade. A predisposição genética para epilepsia se apóia também na morte de um dos filhos do escritor, por estado de mal epiléptico. Assim, acredita-se que pode ter havido um componente neuropatológico de pequena magnitude que provocava as crises do lobo temporal, mas as rápidas generalizações secundárias, favorecidas pela grande predisposição genética, teriam suprimido uma expressão mais rica das manifestações críticas e intercríticas da epilepsia do lobo temporal. O autor faleceu em 1881, e deixou alguns dos maiores clássicos da literatura mundial.

Fonte:Journal of Epilepsy and Clinical Neurophsyiology


Nenhum comentário:

Postar um comentário