As estatísticas apontam que, por dia, seis pessoas são acometidas por
morte súbita associada à epilepsia (Sudep) nos Estados Unidos. Embora
os números sejam expressivos, o fenômeno ainda é desconhecido para o
público em geral e para os profissionais de saúde.
Não há na literatura médica clareza sobre os mecanismos que levam à
morte súbita de pacientes com quadro de epilepsia; são justamente esses
mecanismos que pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP buscaram
compreender no estudo recém-publicado no jourrnal of Physiology,
um dos mais importantes periódicos na área das Ciências Biomédicas. Os
resultados sugerem que disfunções respiratórias podem estar associadas
aos casos de Sudep.
“Sabemos que os distúrbios no sistema cardiorrespiratório são
considerados fatores de elevado risco para óbito”, afirma um dos
responsáveis pelo estudo o pesquisador do ICB, Thiago S. Moreira.
Evidências mostram que durante as crises de epilepsia o paciente pode
sofrer arritmias e depressão respiratória. Para verificar a possível
relação entre a Sudep e o sistema respiratório, os pesquisadores
utilizaram animais geneticamente selecionados, a cepa denominada Wistar Audiogenic Rat
(WAR) desenvolvida pelo grupo do professor Norberto Garcia-Cairasco, do
Departamento de Fisiologia da FMRP, que quando submetidos a estímulos
sonoros, respondem com crises tônicos-clônicas e límbicas, semelhantes
às crises de epilepsia.
“Durante essas crises, foi percebida uma grande redução na atividade
respiratória e na captação de oxigênio”, explica Leonardo Totola,
doutorando do Laboratório de Controle Cardiorrespiratório do ICB,
orientando de Moreira. Ana Carolina Takakura, professora do ICB e
colaboradora do projeto, explica que a disfunção respiratória acontece
em “decorrência de alterações em regiões específicas do sistema nervoso
central, responsáveis por controlar a respiração”.
Os resultados obtidos no estudo incorporam novas informações sobre os
mecanismos de controle respiratório em modelo genético de epilepsia.
Durante uma crise, pode haver comprometimento de áreas do sistema
nervoso que induzem disfunções respiratórias, que por sua vez, podem
contribuir para o quadro de Sudesp.
O estudo obteve apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Programa de Excelência Acadêmica
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Fonte: Jornal da USP
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