sábado, 21 de fevereiro de 2015

'Faz toda a diferença', diz mãe de criança que se trata com canabidiol

Acometida por um tipo raro de epilepsia, a pequena Manoela, de três anos, teve uma melhora na qualidade de vida depois que passou a fazer uso de um novo medicamento. Os pais, por orientação médica, decidiram experimentar o canabidiol, substância extraída da maconha, como mostrou a reportagem do Jornal do Almoço. Com o apoio da Defensoria Pública, a família ingressou com uma ação pedindo que o estado custeie o tratamento. Na tarde desta sexta-feira (20), a Justiça acolheu a solicitação, determinando o prazo de 15 dias para que o produto seja fornecido.
"É uma melhora na qualidade de vida. São detalhes que muitas vezes podem passar despercebidos pela maioria, mas pra gente faz toda a diferença", afirma a mãe Daniele Bittencourt.
A família é de Santa Maria, Região Central do Rio Grande do Sul. Manoela é portadora da Síndrome de West, um tipo raro de epilepsia. A doença causa convulsões e pode provocar também paralisia cerebral.
Desde que foi diagnosticada, já tomou mais 10 remédios diferentes. No entanto, nenhum resolveu. Em outubro do ano passado, a família resolveu experimentar o canabidiol. "A percepção dela melhorou, a atenção melhorou bastante. Ela não chorava. Em quase três anos, fui conhecer o choro da minha filha agora", acrescenta a mãe.
Muita polêmica envolveu a entrada da substância no país. Especialistas confirmam que, se utilizado com finalidade medicinal, pode dar nova vida ao tratamento das pessoas. Em janeiro, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do canabidiol como medicamento.
Com a decisão, o canabidiol sai da lista de substância proibida e passa a ser considerada uma substância de uso controlado. Vai poder ser prescrito para o uso terapêutico para doenças como epilepsia de difícil controle ou outros distúrbios neurológicos que provocam constantes crises de convulsivas. Segundo pesquisas, a substância não causa dependência física ou psíquica.
A fisioterapeuta que cuida da menina há mais de dois anos, também percebeu melhoras. "Ela está mais ativa durante as sessões e melhorou principalmente o controle cervical", revela Geovana Cunha.
O remédio, no entanto, é caro. Dura 40 dias e custa mais de R$ 800. Não é distribuído na rede pública e é importado dos Estados Unidos.
Por isso, os pais buscaram ajuda na Defensoria Pública. "Tem que cumprir a decisão do Poder Judiciário, de fornecer o medicamento ou custear que o pai da menina o adquira", afirma a defensora pública Tamara Flores, responsável pela ação.
O caso foi julgado pelo juiz Michel Martins Arjona, substituto do Juizado da Infância e Juventude da Comarca de Santa Maria. Na sentença, ele argumenta que a família não tem condições financeiras para prosseguir com o tratamento, e destaca que o laudo médico anexado ao processo confirma a necessidade do medicamento.
"O fornecimento pelo Estado do medicamento postulado é indispensável à manutenção de sua saúde e de sua dignidade humana, pois negar-lhe tratamento significa privar a criança de seu desenvolvimento físico e mental", escreveu Arjona. A pena para o descumprimento da decisão é o bloqueio do valor do remédio nas contas do estado.

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário