sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Anvisa libera importação ampla de canabidiol

Pacientes de dores crônicas e de Parkinson poderão voltar a importar a substância, que, desde agosto, estava restrita a pedidos para o tratamento de epilepsias refratárias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mudou novamente o protocolo de importação do canabidiol e voltará a autorizar a compra excepcional para diversas patologias, não só para epilepsia.
Desde 14 de agosto, após reunião com o Conselho Federal de Medicina ( CFM), a Anvisa passou a negar todos os pedidos não previstos na Resolução n º 2.113 do CFM, publicada em 16 de dezembro de 2014. O órgão médico regulamenta o uso compassivo ( tratamento ainda não totalmente avaliado, destinado a doentes que não têm outras opções) do canabidiol exclusivamente para epilepsias refratárias aos tratamentos convencionais. A agência informou à época que só mudaria as regras se o CFM alterasse a resolução e, com isso, pacientes que sofrem de outras doenças, como Parkinson e dores crônicas, passaram a ter seus pedidos médicos negados.
— Quando assumi a presidência, perguntei qual era o protocolo, e a área técnica me disse que era necessário seguir as normas do CFM. Há um debate em relação ao tema e, por isso, algumas dúvidas — comentou o presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, admitindo a nova liberação: — Analisando melhor a legislação em vigor, percebi que não há motivo para restringir a importação às epilepsias refratárias. Por isso, voltaremos a permitir a importação para outras doenças, em caráter excepcional, analisando caso a caso, com as justificativas do médico.

Cadastro médico pelo CFM

A resolução 17 da Anvisa, publicada no Diário Oficial da União em 8 de maio de 2015, define os critérios e os procedimentos para a importação “de produto à base de canabidiol, por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado, para tratamento de saúde”. Segundo Barbosa, na  quinta-feira ( 8 de outubro) houve um painel de debates na Anvisa sobre o tema, no qual médicos discutiram o uso da substância para outras patologias.
— Essas discussões são importantes porque o canabidiol não é um medicamento e ainda há poucas pesquisas sobre a sua eficiência — disse Barbosa, que acredita que é preciso que o médico justifique o pedido, incluindo avaliação da gravidade da condição do paciente, tratamentos prévios que não controlaram a doença e também a análise da relação entre o risco e o benefício no uso do produto solicitado.
Pelo menos uma recomendação do CFM a Anvisa continuará a seguir: os médicos deverão ser previamente cadastrados em uma plataforma on- line, criada pelo CFM para este fim.
— Voltou a ser o que era no início, mas a luta continua, porque queremos que haja uma produção nacional para baratear a compra e facilitar o acesso. Ainda é difícil importar devido à burocracia e também por causa da oscilação do dólar — declarou o médico Ricardo Ferreira, especialista em dor e que receita o canabidiol para alguns pacientes refratários aos tratamentos convencionais. — Já começamos a refazer os pedidos médicos que foram negados pela Anvisa.


Fonte: O Globo





segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pesquisadores descobrem uma nova classe de drogas para epilepsia

Em um estudo com camundongos, pesquisadores da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte, EUA, descobriram uma potencial nova classe de drogas que podem prevenir o desenvolvimento de epilepsia do lobo temporal, uma das formas mais comuns de epilepsia devastadora.
Epilepsia de lobo temporal é particularmente debilitante porque ataca as áreas do cérebro responsáveis ​​pela memória e humor. Como resultado, os pacientes têm a sua consciência prejudicada durante seus ataques e não podem dirigir um carro para o risco de prejudicar a si ou outra pessoa e são limitados em opções profissionais que podem seguir.
Existem tratamentos disponíveis para as pessoas com epilepsia do lobo temporal, incluindo medicamentos para ajudar a controlar os sintomas, e em casos raros, a remoção cirúrgica do lobo temporal, onde os ataques se originam. Mas, como acontece com muitas doenças que são intrínsecas ao cérebro, não há medicamentos disponíveis para prevenir a epilepsia do lobo temporal ou retardar sua progressão.
O novo composto, que é detalhado em um artigo que será publicado em 4 de novembro, em Neuron, pode mudar isso. Outros estudos em animais seriam necessários para trazer este medicamento em ensaios clínicos em seres humanos, mas os pesquisadores esperam usar a intervir em pacientes que tiveram um episódio de convulsões prolongadas e passar brevemente após um episódio para evitar tornar-se epiléptico, explica James McNamara, um professor nos departamentos de neurologia e neurobiologia da Universidade de Duke.
Acredita-se que alguns casos de epilepsia do lobo temporal começam após um único episódio de convulsões prolongadas que ocorrem no início da vida em resposta a um evento, tal como uma febre alta. As observações clínicas em humanos e em modelos animais com experimentos apoiam essa idéia.
A pesquisa mostrou também que um receptor do cérebro conhecido como TrkB é hiperativo após um episódio de convulsões prolongadas e poderia ser responsável pela conversão de um único evento em uma doença crônica. Em um estudo publicado em 2013 na revista Neuron, o grupo mostrou que McNamara definitivamente utilizava abordagem genética química para bloquear brevemente a sinalização TrkB em um rato após um episódio de convulsões prolongadas, o que impediu o desenvolvimento da epilepsia mais tarde.
No entanto, TrkB foi abaixo do ideal como um alvo de drogas, porque a sua ativação tem tanto consequências desejáveis ​​e indesejáveis. Uma vantagem é que sua ativação protege os neurônios da morte, seguindo convulsões.
De fato, no novo estudo, a equipe de McNamara viu a inibição global da sinalização TrkB que causou um aumento de ataques após crises epilépticas que aumentou o número de neurônios mortos no cérebro. O receptor TrkB é conhecido por ativar várias vias de sinalização dentro das células, de modo McNamara e seus colegas se perguntaram se diferentes vias de TrkB pode controlar os seus efeitos desejáveis ​​e indesejáveis.
"Nós pensamos que talvez pudéssemos desvendar as vias de sinalização que produziram as conseqüências desejáveis ​​de conseqüências não intencionais", diz McNamara. "E, se assim for, talvez possamos desenvolver uma droga que inibe seletivamente a via que produz o efeito desejado" ele representa.
A causa das convulsões subseqüentes parecia ser a fosfolipase C (gama) 1, uma enzima estimulada em ação pela ativação de TrkB. Os cientistas descobriram que os ratos geneticamente modificados em que fosfolipase C gama 1 TrkB receptor dissociada eram menos suscetíveis a ataques epiléticos do que roedores normais.
McNamara com equipamento desenvolvido, em seguida, um composto de uma pequena proteína denominada pY816, para evitar TrkB acoplamento com fosfolipase C gama 1. O fármaco trabalhou em neurónios em cultura, em laboratório, para evitar a ativação de fosfolipase C gama 1 Através TrkB. Quando foi infundida no sangue de ratos, pY816 reduzida para metade a quantidade de fosfolipase C gama 1 ativado no cérebro.
A maioria dos importantees pY816 para dar a ratos durante três dias após um episódio de convulsões prolongadas reduziu tanto a probabilidade e gravidade da epilepsia muitas semanas. Os cientistas confirmaram que a droga inibira a ativação de fosfolipase C gama 1 em ratos.

Fonte: La Informacion








quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Homem tem crises epiléticas ao jogar sudoku

Algumas das grandes descobertas a respeito do cérebro humano se devem a pessoas que certamente prefeririam não ter tido nada a contribuir para a ciência. Como não é muito saudável cortar pedaços da matéria cinzenta de um indivíduo vivo para ver o que acontece, uma das poucas estratégias de estudo à disposição dos neurocientistas de antigamente consistia em estudar pessoas que, como Phineas Gage, sofriam situações nada invejáveis. Uma barra de ferro atravessou a cabeça de Gage em 1848, e ele sobreviveu assim por vários anos, embora com uma mudança de personalidade – a qual levou a um avanço científico. Um certo Monsieur Leborgne era incapaz de dizer nada além da sílaba “tan”, e isso permitiu descobrir a zona do cérebro associada à fala, justamente a que estava danificada nele. Henry Molaison teve parte do hipocampo arrancada para ser curado de uma epilepsia, mas assim se tornou incapaz de gerar novas lembranças.
O último a entrar para essa lista é um homem com um problema muito peculiar: sofre convulsões sempre que tenta resolver um sudoku. De maneira irremediável, sua forma de encarar esse passatempo – uma espécie de palavras-cruzadas numérica – o faz perder o controle do braço esquerdo: “Quando faço um sudoku, me concentro num ponto concreto, sem deixar de analisar as opções horizontal e vertical. Ao fazer isso, minha mão esquerda termina se descontrolando. Começa com um tremor, sofro cãibras na minha mão, e ela se mexe sem parar. Essa situação tende a crescer e a terminar em um ataque, a menos que eu feche os olhos”, contou ao EL PAÍS, por e-mail, o paciente D. E., o novo representante da estirpe de Phineas Gage. Sua experiência foi relatada nesta segunda-feira em uma revista especializada, a JAMA Neurology, porque se trata de um caso “único”, segundo o médico que tratou dele, Berend Feddersen.
Feddersen conta que o paciente, aos 25 anos, sofreu um grave acidente de esqui nos Alpes austríacos e passou 15 minutos soterrado, sem oxigênio, até que um amigo o resgatou. A partir desse momento, sofreu alguns episódios de contrações musculares involuntárias. Mas a situação se descontrolou três semanas depois, justamente na hora em que o jovem se dispôs a resolver o passatempo numérico. E acontecia sempre que voltava a tentar. “Minha mão esquerda se transforma no epicentro de um ataque”, conta. As convulsões, similares às causadas pela epilepsia, levaram os médicos a procurarem nas ressonâncias magnéticas o lugar do seu cérebro onde ocorria um pico de atividade na hora de resolver um sudoku.



Feddersen, da Univesidade de Munique, explica que o jovem resolve os sudokus a partir de uma perspectiva espacial, o que acende a parte centro-parietal do hemisfério direito do cérebro. Precisamente lá, onde se ativa sua imaginação visual espacial, foi detectada uma lesão provavelmente causada pelo episódio de hipoxia, quando o cérebro ficou sem oxigênio depois do acidente. Graças aos sudokus, e à maneira específica como ele os resolve, os médicos descobriram a lesão, que posteriormente viria a se manifestar em outras tarefas que ativam sua imaginação espacial. Esse caso acaba reforçando também outras observaçãoes anteriores em que jogos e tarefas espaciais desencadeavam ataques epiléticos em determinados pacientes.
Para D.E., entretanto, resolver seu problema “é bastante simples”: “Fecho os olhos durante um ou dois segundos e o ataque para”. Mas por via das dúvidas ele parou de resolver sudokus há cinco anos, e nesse mesmo período não sofreu mais convulsões. “Por sorte, elas só acontecem em situações muito específicas. Dirigir um carro não é problema absolutamente nenhum. De modo que a minha vida não chega a ser muito afetada pela questão das convulsões-sudoku”, afirma o paciente. “Ao trabalhar com planilhas do Excel ou ler partituras de piano acontece como com o sudoku. Mas, como sou jornalista, não uso muito o Excel. E no piano eu improviso”, brinca.
Questionado por seu papel de cobaia acidental da neurociência, seguindo os passos de Gage, ele volta a mostrar senso de humor: “Por sorte não tenho uma barra de metal na cabeça. Mas, obviamente, espero que o artigo e o interesse dos meios de comunicação levem a algum tipo de esforço e de conhecimento coletivo. Estou bastante seguro de que a chave para o meu problema está por aí, então espero que as pessoas certas leiam o artigo. E, claro, espero que meu caso ajude a mais alguém por aí”. Mais uma vez, um sujeito azarado contribui para avanços no conhecimento do cérebro.
Fonte: El País


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Após 18 meses de tratamento com canabidiol, criança se prepara para voltar a escola

Os avanços na regulação do consumo e da importação do canabidiol, uma substância derivada da maconha para fins medicinais, transformaram para melhor a história de uma criança em Brasília. A jovem Anny Fisher, de 7 anos, usa o medicamento há 18 meses. Por conta disso, sofre muito menos com uma síndrome de epilepsia, e aos poucos consegue mais qualidade de vida na rotina diária.
Se antes Anny sofria com até 80 crises convulsivas por semana, hoje o uso controlado do canabidiol diminuiu esta média para apenas 4, no mesmo período. A mãe dela, Katiele Fisher, fala com felicidade sobre a evolução da filha, e faz planos para que ela estude no ensino especial da escola a partir do ano que vem.
— Ela está super bem, teve uma boa melhora dentro dos limites da síndrome. Está mais presente, mais consciente do mundo a sua volta, o que é muito legal. Ela ainda não fala, nem anda, mas se mexe para todo lado e sorri. O objetivo é garantir um pouco mais de qualidade de vida, e isso ela tem.
Outro benefício que veio do uso regular do canabidiol é a presença mais constante em terapias que colaboram no desenvolvimento de Anny. Katiele diz que precisava interromper as sessões por conta das crises convulsivas, mas agora o tratamento é semanal.
— A Anny faz fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, e outros tratamentos paliativos, assim como qualquer outra criança especial. Os estímulos ajudam a adquirir ganho motor e psicomotor. De segunda a quinta ela faz alguma atividade. Bem melhor do que antes, porque às vezes eu nem conseguia levar ela pra terapia.
Tudo isso é resultado de uma luta que rendeu até um documentário. Em “Ilegal: a vida não espera”, Katiele conta a história de quando ela e o marido traziam a substância de forma irregular dos Estados Unidos para o Brasil, pois Anny sofre com a síndrome de epilepsia desde os 45 dias de vida.
No caso próprio, o casal Fisher conseguiu autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para importar o canabidiol desde abril de 2014. Este ano, o órgão aprovou o uso controlado do medicamento, e a Receita Federal simplificou o processo para trazer a substância de fora, sem impostos.
Ainda assim, Katiele se engajou na causa de crianças que sofrem com a mesma síndrome que Anny, pois o custo do canabidiol ainda representa um obstáculo no tratamento para muitas famílias.
— Os avanços foram muitos, e a Anvisa simplificou o processo de autorização. Só que o preço do canabidiol é caro, e em dólar. Por isso, muita gente recorre a Justiça para que o Estado banque os custos, e outros até interrompem a medicação. Se a legislação brasileira permitisse uma produção nacional de forma organizada e controlada, o preço seria melhor. Isso é algo que eu vejo mudar em médio a longo prazo.
Outro caso que envolve o fornecimento do canabidiol no DF é o da jovem Sabrina, de 8 anos. Os pais dela conseguiram ajuda da Defensoria Pública para que a Justiça autorizasse o uso da substância derivada da maconha para fins medicinais.
Benefícios do medicamento
Tanto Anny quanto Sabrina sofrem com síndromes que atrasam o desenvolvimento do cérebro e causam crises convulsivas, causadas por um descontrole na ativação dos neurônios, que resulta numa reação em cadeia.
O neurocientista e professor da UnB (Universidade de Brasília), Renato Malcher, explica que o canabidiol funciona para impedir a superativação das células do cérebro, e impede que a síndrome leve a efeitos mais graves, como a morte dos neurônios e a dificuldade no aprendizado.
— O que o medicamento faz é atuar no sistema por meio de substâncias que normalmente são produzidas pelo próprio cérebro. Tomando o canabidiol de forma controlada, ela consegue frear o excesso de ativação e, com o tempo, o cérebro volta a se desenvolver e ter aspectos cognitivos que eram comprometidos pela epilepsia.
Malcher explica ainda que, embora seja derivado da maconha, o canabidiol isolado não possui o efeito de psicoatividade que a droga tem.
R7


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Pesquisas feitas por cientistas sobre epilepsia e depressão

Muitos anos de histórias clínicas e pesquisas mostram que as pessoas com epilepsia  tem aproximadamente 5 vezes mais chances de desenvolver depressão. Dadas as muitas mudanças de estilo de vida e estressores sociais que muitas vezes acompanham o diagnóstico de epilepsia, isso pode não ser um achado surpreendente. Mas, você sabia que as pessoas diagnosticadas com depressão também têm um risco aumentado de desenvolver epilepsia? Por que isso pode ser?
Existem inúmeras possibilidades para explicar. As diferenças nos níveis de substâncias químicas do cérebro (chamadas neurotransmissores), alterações em determinadas regiões do cérebro, ou fatores hereditários em genes de uma pessoa poderia todos desempenhar um papel. Infelizmente, é frequentemente muito difícil, se não impossível, para a realização destes estudos em pessoas. Estudar as associações entre esses fatores potenciais, epilepsia e depressão requer um alto nível de controle experimental sobre fatores como dieta, exercícios, genética e ambiente em que vivem. Também, porque as pessoas normalmente têm uma vida útil longa, ele simplesmente não é viável a realização de muitos destes estudos utilizando voluntários humanos.
Então o que nós podemos fazer? Os cientistas têm procurado por muito tempo para entender essa associação através do uso de modelos animais, como ratos e camundongos, que pode ajudar a examinar cada um desses fatores em estudos cuidadosos e controlados. Muitos aspectos da anatomia do cérebro são semelhantes entre pessoas e esses modelos animais, e os cientistas têm o cuidado de seguir elevados padrões de cuidado para se certificar de que seus animais sentem dor e desconforto mínimo. Durante muitos anos, os cientistas têm-se centrado na utilização de modelos animais de epilepsia de compreender a ocorrência de depressão.
Mas o que dizer de modelos animais de depressão? Será que eles também desenvolvem sintomas de epilepsia? Cientistas da Universidade de Emory esta pergunta esta estudando um modelo único, animal de depressão para ver se os animais também iriam desenvolver epilepsia, criando, assim, o primeiro modelo animal de epilepsia associada à depressão.

O que os cientistas fazem?

Os cientistas utilizaram vários métodos para testar susceptibilidade crises e comportamentos relacionados à epilepsia em ratos resistentes a "depressão suscetíveis". Através da administração de medicamentos chamados chemoconvulsants para os ratos, os cientistas foram capazes de determinar se os ratos tem "depressão suscetíveis" também eram mais suscetíveis a ataques, e se eles eram mais propensos a desenvolver crises espontâneas em um processo conhecido como epileptogênese.
Os cientistas também usaram um modelo de epilepsia chamada "lenha" para gravar EEGs de várias regiões do cérebro durante uma estimulação leve indolor que induziu uma convulsão no rato. Isso ajudou os cientistas a entender melhor quais regiões do cérebro estavam contribuindo para os comportamentos de crises.

O que os cientistas aprendem?

Os cientistas descobriram que os ratos com "depressão suscetíveis" eram muito mais suscetíveis a ataques do que os ratos com "depressão resistente" chemoconvulsant-induzida e que eles também eram mais propensos a desenvolver crises espontâneas várias semanas mais tarde. Isto sugere que os ratos com "depressão suscetíveis" também são mais suscetíveis a ambas as convulsões e epilepsia, semelhante aos achados clínicos que mostram que as pessoas com depressão são também mais propensos a desenvolver convulsões e epilepsia.
Os cientistas também descobriram que duas das regiões cerebrais estudadas, a amígdala e o hipocampo, estão ambos envolvidos na geração de crises nos ratos com "depressão suscetíveis", com o hipocampo desempenha um papel especialmente importante.

O que isto significa?

Estes resultados, juntamente com outros do mesmo laboratório, sugerem que estes ratos são um modelo útil de epilepsia associada à depressão, o primeiro de seu tipo. Estes ratos podem fornecer uma nova ferramenta para os cientistas a estudar as causas e tratamentos para a depressão e epilepsia que ocorre no mesmo indivíduo, e espero que possa fornecer um primeiro passo importante na via para melhorar o atendimento ao paciente e a qualidade de vida.

Fonte: Epilepy






sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Machado de Assis e a epilepsia

O distúrbio, que causa descargas elétricas anormais nos neurônios e pode provocar convulsões, chega a atingir 2% da população de países em desenvolvimento, segundo a Liga Brasileira de Epilepsia. No entanto, sempre foi tratado com muito preconceito. Povos antigos acreditavam que os epilépticos eram possuídos por maus espíritos e demônios. O próprio nome, epilepsia, vem do gregoepilambanein e significa “tomar, capturar, possuir”. Daí se nota o nível do tabu.
Machado nunca foi diagnosticado clinicamente com epilepsia, porém seus biógrafos são unânimes quanto ao fato. Inclusive, o escritor carioca foi até fotografado em uma de suas muitas crises pelo velho Malta, fotógrafo tradicional do Rio antigo.
Machado raramente aludia à epilepsia. Na verdade, evitava até pronunciar a tal palavra. Chegou até a excluir a referência à epilepsia em uma edição de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, ao descrever o padecimento de Virgília diante da morte do amante: “Não digo que se carpisse; não digo que se deixasse rolar pelo chão, epiléptica…”, substituindo por “convulsa”.
Também não comentava com seus amigos mais íntimos. Em uma carta a Mário de Alencar, somente falou por cima, que “o muito trabalhar destes últimos dias tem-me trazido alguns fenômenos nervosos…”. Ocultou, inclusive, da amada e dedicada esposa, Carolina, a quem devotava imensa ternura, não revelando seu problema antes do casamento.
As convulsões faziam com que o escritor, às vezes, mordesse a própria língua, o que provocava feridas. Quando alguém o questionava sobre sua dificuldade em falar – provocada pelas feridas da mordedura -, justificava: “Estas aftas! Estas aftas!”.
A epilepsia de Machado de Assis teve início na infância, quando ele sentia “umas coisas esquisitas”, que não haviam mais se repetido até seu casamento.
Há referências de que Machado de Assis consultou o Dr. Miguel Couto e que tomou brometo. Parece que a droga não foi eficaz e causou alguns efeitos indesejáveis o que, a conselho de um amigo, o teria levado a interromper o tratamento, optando pela homeopatia. O escritor morreu com uma úlcera cancerosa na boca, possivelmente derivada de seus ataques de epilepsia.
Fonte: Unifesp, Consciência