quinta-feira, 26 de maio de 2016

Falta de informação e preconceito são os vilões da epilepsia, alerta especialista do SeconcI-SP

Orientações de segurança durante a crise e adesão ao tratamento são fundamentais
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2% da população mundial sofrem de epilepsia. Só no Brasil, estima-se três milhões de casos. Algumas atitudes são fundamentais para conviver melhor com a doença. “O mais importante é a adesão ao tratamento. O paciente epilético pode ter uma vida social normal, trabalhar, sair com os amigos, ter filhos, mas ele deve sempre tomar os medicamentos”, diz a neurologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), Vera Lúcia Gavioli.
Segundo a especialista, o sintoma da epilepsia é a crise epilética, definida como a ocorrência espontânea e transitória de sinais e/ou sintomas causada por uma atividade elétrica excessiva no cérebro, como se fosse um curto-circuito. “A epilepsia somente é considerada como uma doença do cérebro quando ocorrem mais de duas crises. Após o segundo episódio, há 70% de chance de haver novas ocorrências”, afirma Vera. Segundo a médica, 10% da população pode ter uma crise epilética única, que não se repetirá.
Uma crise epilética também pode ser secundária ou provocada, por condições agudas e transitórias, tais como alterações sistêmicas, metabólicas (como diabetes) ou tóxicas (uso de álcool e drogas). “Nessas situações também não dizemos que o paciente seja portador de epilepsia”, diz Vera.
A epilepsia não tem uma única causa específica. Possivelmente alguma tendência individual. Há casos como: problemas no momento do parto, traumas cranianos (recentes ou antigos), infecções durante a gestação, tumores, AVC, entre outras ainda desconhecidas.
Como identificar as características das crises
Existem vários tipos de crise epilética, dependendo dos locais cerebrais afetados. São sempre de curta duração, em geral até dois minutos no máximo.
Quando as descargas elétricas anormais ocorrem em todo o cérebro, ao mesmo tempo, a pessoa tem uma crise epilética generalizada, por exemplo, a convulsão. Nesse caso, a pessoa perde a consciência, cai no chão, seus membros ficam rígidos e ela começa a debater-se por um a dois minutos.
Quando apenas uma parte do cérebro é afetada, o paciente pode sentir mal-estar ou desconforto no estômago, ouvir sons ou ter sensação de déjà vu, ou seja, de já ter vivido aquela situação antes. Conforme a crise evolui, pode haver alteração da consciência. O paciente fica parado por alguns segundos, ou faz alguns gestos como mexer com a mão, com as pernas ou com a boca. São movimentos automáticos – por isso o fenômeno se chama automatismo – que podem ou não evoluir para a convulsão propriamente dita, também com duração de poucos minutos.
Segundo a neurologista, é fundamental observar e listar os sintomas para que o médico possa identificar o tipo da crise e prescrever o tratamento mais adequado. “É importantíssima a informação do acompanhante ou testemunha que viu a crise, já que às vezes o próprio paciente pode perder sua consciência e não ser capaz de explicar”, diz Vera. Com essas informações, de acordo com a especialista, o médico pode, inclusive, suspeitar quando o desmaio ou mal-estar não foram causados por epilepsia, mas outra doença que levará a outro tipo de tratamento (por exemplo, arritmia cardíaca).
Orientações de segurança durante a crise
As crises são imprevisíveis e espontâneas e, por isso, manter a calma é essencial. As principais recomendações para quem presencia uma crise convulsiva são: apoiar a cabeça para evitar traumas e ferimentos, virar o rosto de lado para impedir que a pessoa se asfixie com a saliva, afastar objetos que possam machucá-la (óculos por exemplo), e nunca puxar a língua. A crença popular de que a língua enrola ou pode ser engolida não tem fundamento. Deve-se esperar a crise passar, se possível tentando marcar o tempo. Caso demore mais de cinco minutos, a especialista recomenda ligar para uma emergência.
Preconceito
É comum a confusão instalar-se ao redor de uma pessoa apresentando uma crise epilética e são muitos os palpites sobre como agir naquela situação. A doença não é contagiosa e também não impede a pessoa de levar uma vida normal, trabalhando e se divertindo. “Ainda hoje existe o preconceito, e esse vilão só pode ser combatido com informação”, diz Vera. A médica indica grupos de encontro para pessoas interessadas no assunto, bem como a pesquisa de sites sobre a doença.
Construção civil
Segundo a especialista, a pessoa com epilepsia não está incapacitada para exercer atividades no setor da construção civil. Porém, é imprescindível que o trabalhador use os equipamentos de proteção individual (EPIs) e siga a conduta de segurança aplicada no seu local de trabalho, principalmente em relação à altura. De acordo com as leis brasileiras, a atividade profissional realmente proibida para esses pacientes é a que envolve direção de veículos profissionais. Entretanto, para cada caso é necessária a avaliação conjunta com o médico do trabalho.
“O paciente pode obter qualidade de vida dentro da normalidade. O tratamento da doença é feito essencialmente com medicação para controlar as crises. Porém, esses remédios devem ser tomados por longos períodos de tempo e o paciente não deve esquecer ou abandonar o tratamento, mesmo quando estiver bem controlado”, finaliza Vera.
Dicas
Para o paciente e seus familiares é importante lembrar que, apesar de ser uma doença séria, há diversos tratamentos para epilepsia, e isso pode ser encarado como chances para continuar vivendo normalmente. O único detalhe é não esquecer de tomar o medicamento.
A neurologista dá algumas dicas para facilitar esse esforço:
- usar porta-comprimido na bolsa/mochila ou no local do trabalho;
- ter sempre o remédio em gavetas nos diferentes lugares que frequenta;
- criar alertas no celular;
- não faltar aos retornos médicos (pois é necessária receita para esses medicamentos).
Fonte: Portal Nacional de Seguros


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