quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

USP terá primeiro centro de pesquisa em canabidiol do país

O campus da USP em Ribeirão Preto inaugura ainda este ano o Centro de Pesquisas em Canabinoides, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). O local será para pesquisa e desenvolvimento de medicamentos contendo canabinoides, substâncias derivadas da maconha, nome popular da planta Cannabis sativa.
O projeto, inédito no Brasil, é resultado de parceria entre a USP e a indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi. O centro vai funcionar numa ampliação do prédio da Saúde Mental da FMRP e já tem aprovado estudo clínico – investigação em seres humanos – sobre o uso do canabidiol (CBD), um dos primeiros canabinoides descrito cientificamente. O teste será realizado em mais de 120 crianças e adolescentes com epilepsia refratária.
O professor Antonio Waldo Zuardi, do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP e coordenador do novo centro, diz que o espaço reunirá os trabalhos do grupo de pesquisa de Ribeirão Preto com alas destinadas ao estudo básico de laboratórios e à pesquisa clínica com pacientes e voluntários saudáveis.
Atualmente, a comunidade científica vem creditando ao CBD grandes possibilidades terapêuticas, com muitas pesquisas em fases pré-clínicas (testes em laboratórios). Doença de Parkinson, epilepsia resistente a tratamentos e esquizofrenia estão entre as enfermidades que “possuem ensaios clínicos em pacientes, porém ainda precisam de estudos com maior número de pacientes para que o canabidiol possa ser registrado como medicamento pelas agências reguladoras”, conta Zuardi.
Com a criação desse centro, o professor espera que se aumente os estudos colaborativos e os pesquisadores possam levar rapidamente resultados desses conhecimentos para a sociedade, “com redução de sofrimento e melhora da qualidade de vida de pacientes e suas famílias”.

Do bolo de maconha ao tratamento de epilepsia

As pesquisas com o canabidiol começaram com um “experimento gastronômico”, no início dos anos 1960, quando o bioquímico israelense Raphael Mechoulam resolveu testar seus achados. Mechoulam, que havia elucidado estruturas químicas de vários compostos da maconha, testou em seus amigos os efeitos de cada substância misturada à massa de bolos preparados por sua esposa.
Foi então que Mechoulam observou que apenas os convidados que ingeriram bolo com a substância THC (tetrahidrocanabinol) apresentaram os efeitos típicos da droga. “Ficaram chapados”, na linguagem popular. No entanto, a ação farmacológica antiepilética do canabidiol seria descoberta pelo cientista brasileiro Elisaldo Carlini, na década de 1970, e confirmada em humanos, em 1980.
Essas descobertas “ficaram adormecidas por muitos anos” até que foi resgatada, principalmente pelos esforços do professor Zuardi e sua equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto que há quase 40 anos pesquisa o CBD e é o grupo brasileiro com maior número de publicações sobre a droga.
Quem conta essa história do canabidiol é professor da FMRP José Alexandre Crippa. Ele faz parte do grupo de pesquisas sobre o canabidiol da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e é vice-coordenador do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia Tranciasional em Medicina (INCT-TM), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O grupo de estudos sobre o CBD da USP em Ribeirão Preto integra o INCT-TM, que é coordenado pelos professores Jaime Hallak, também da FMRP e Flavio Kapzinski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Com estudos sobre o canabidiol, eles estão colocando o Brasil na vanguarda das pesquisas sobre o potencial terapêutico desse e outros derivados da maconha.
Os recentes resultados de estudos feitos pela equipe de Ribeirão Preto e de outros pesquisadores ao redor do mundo mostram benefícios do CBD, principalmente, no tratamento de epilepsia infantil, nos casos que não respondem aos medicamentos tradicionais. Esses dados colaboraram para que a considerada “substância proibida” entrasse na lista de medicamentos de uso controlado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão federal responsável pela aprovação de novos remédios no País.
Segundo Crippa, com a recente renovação pelo CNPq do projeto do INCT-TM, as pesquisas com as substâncias derivadas da maconha contam agora com oito centros e 18 sub-centros de estudos espalhados pelo Brasil e exterior. Os recursos investidos representam “uma das maiores iniciativas mundiais, integrando a pesquisa básica e clínica com o CBD, com outros canabinoides e outros compostos com potencial terapêutico.”


Fonte: Jornal da USP
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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Produção de medicamento anticonvulsivo será ampliada no Brasil

A Agência Nacional de Vigilânica Sanitária (Anvisa) concedeu autorização para que a indústria farmacêutica Hipolabor, que tem sede em Sabará (MG), inicie a produção do medicamento Fenítoina. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União.
A autorização chega em um momento importante para a rede de saúde pública e a população do país, uma vez que o fármaco é bastante utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS) e se encontra em escassez no mercado. "Há, no momento, pouquíssimos laboratórios para suprir a demanda do mercado. Com a entrada da Hipolabor na produção, esperamos normalizar os estoques disponíveis", explica a gerente de novos negócios da Hipolabor, Larissa Pereira.
A Fenitoína é um anticonvulsivante fabricado em comprimidos sólidos, usado para o tratamento das crises convulsivas por traumatismo craniencefálico, secundárias e neurocirurgia. A Hipolabor já está definindo um parceiro para a importação da matéria-prima, para começar a produção e distribuição.
A Hipolabor é atualmente a maior indústria farmacêutica de Minas Gerais e líder no ranking brasileiro de fabricantes de medicamentos injetáveis. A trajetória da empresa começou em 1984, com a implantação da primeira unidade no município de Contagem (MG). Com um expressivo volume de vendas alcançado em todo o território nacional, em 1988 a empresa foi transferida para uma área maior, em Sabará, região metropolitana de Belo Horizonte. Em 2001, foi inaugurada mais uma unidade, dessa vez na capital mineira.
Fonte: Estadão

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Dia Mundial da Epilepsia - 13 de fevereiro

A partir de 2015, a segunda-feira de cada segunda semana do mês de Fevereiro, passa a ter um significado diferente, quer se encontre no hemisfério norte, no hemisfério sul, a oeste ou a leste de Greenwich, tenha as crenças que tiveres, seja mulher ou homem. É o mesmo dia em todo o Mundo. É o Dia Mundial da Epilepsia e este ano.
Foi este o dia maioritariamente escolhido pelas organizações ligadas à epilepsia em todo o mundo. Na Europa, este dia era já o Dia Europeu da Epilepsia e esteve sempre muito relacionado com o Dia de São Valentim, personagem historicamente invocada pelos doentes que sofriam de epilepsia para sua protecção, surgindo como patrono da Epilepsia.
A importância de promover o conhecimento e a sensibilização pública para esta doença não pode ser subestimada.
Fonte: Atlas da Saúde

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Hospital público faz primeira cirurgia no cérebro com paciente acordado

A rede pública de saúde do Espirito Santo realizou, pela primeira vez, uma cirurgia no cérebro com o paciente acordado. A operação, que aconteceu no Hospital Central, em Vitória, é indicada a quem tem lesões próximas a áreas importantes do cérebro. Desta forma, o risco de sequelas neurológicas é reduzido.
O médico neurocirurgião e coordenador do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Estadual Central, Leandro de Assis Barbosa, explicou que só é possível fazer essa cirurgia porque existe um centro especializado em neurocirurgia.
Ele ressalta a importância se ter centros especializados no tratamento das doenças para que a população tenha acesso a recursos melhores e mais qualidade de vida.
“O recurso público tem que ser investido adequadamente e usado plenamente", afirmou. Segundo o médico, o procedimento custa cerca de R$ 100 mil reais no total.
Cirurgia
O paciente operado tinha recorrentes crises de epilepsia. A lesão dele estava próxima a áreas de controle de fala, grafia, cálculos, leitura. Por isso, foi melhor fazer a cirurgia com ele acordado.
Enquanto um médico opera, o outro fica conversando com o paciente, fazendo perguntas, pedindo para ele ler, para fazer cálculos simples. Dessa forma, o profissional que está operando consegue ter certeza de que não está afetando nenhuma dessa áreas. A cirurgia dura de 6 a 8 horas.
O paciente sai da cirurgia acordado, tem recuperação mais rápida e fica menos tempo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na maioria das vezes, o paciente se lembra da cirurgia (alguns medicamentos usados na anestesia podem provocar amnésia).
Fonte: G1