quinta-feira, 27 de julho de 2017

Cientistas criam modelo matemático que localiza foco de crise epilética

Cientistas de um hospital espanhol desenvolveram um modelo matemático que analisa a atividade cerebral para localizar as áreas nas quais se originam e propagam as crises epilépticas
O estudo, publicado na revista “Clinical Neurophysiology”, transforma os registos eletroencefalográficos (EEG) em modelos matemáticos que explicam as crises dos pacientes, permitindo delimitar a área do cérebro para ser removida na cirurgia para evitar sequelas no paciente e abre um caminho para prevenir as crises de epilepsia.
Adrià Tauste e Rodrigo Rocamora, da Unidade de Epilepsia do Hospital del Mar, em Barcelona, analisaram 50 crises epilépticas localizadas no lobo temporal de sete pacientes resistentes a medicamentos.
A eletroencefalografia permite registar a atividade elétrica da zona cerebral onde acontece a crise epiléptica graças a microelétrodos implantados no cérebro, uma técnica usada em casos muito complexos de epilepsia.
Os engenheiros e neurologistas que participaram neste estudo aplicaram um algoritmo matemático que traduz em números os registos obtidos na eletroencefalografia, permitindo obter uma imagem que, sobreposta à ressonância magnética do paciente, localiza o foco da crise epiléptica. Até agora, os médicos determinavam o foco a partir de uma interpretação subjetiva dos padrões visuais dos registos e da sua experiência.
Há décadas que os resultados de tratamentos cirúrgicos da epilepsia fracassam em alguns pacientes devido à complexidade das conexões neurais e às limitações das técnicas cirúrgicas. Segundo os especialistas, graças a este estudo está a ser desenvolvido um sistema automatizado e objetivo que evita interpretações subjetivas dos registros.
“O benefício mais imediato desta nova técnica é que a localização objetiva do foco epiléptico permite otimizar as estratégias cirúrgicas e delimitar melhor a área a retirar, o que pode ajudar o cirurgião e reduzir a possibilidade de erros. Atualmente, isto é conseguido em 60% ou 70% dos casos, conforme o tipo de epilepsia da pessoa”, explicam os investigadores. 
Fonte: Terra

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Ciclo de Palestras do ICB debate o uso do canabidiol no tratamento da epilepsia

O debate dos fins medicinais da maconha tem sido alvo de diversas discussões por todo o mundo. No Brasil, levando em conta o fato de o cultivo da planta ser proibido para qualquer fim e de seu auxílio em certas doenças ser defendido por muitos estudiosos têm feito com que a discussão se acentue na mídia e na academia. Por isso, o Ciclo de Palestras do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFJF promoveu no dia 20 de junho, uma palestra com Isabel Assis, que fez seu doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre o “envolvimento da enzima fosfatidilinositol 3-quinase (PI3K) no efeito anticonvulsivante e neuroprotetor do canabidiol”.

Isabel começou explicando o que é uma convulsão. Este termo se refere a um período clínico anormal resultante de uma exacerbada descarga elétrica, repentina ou anormal no encéfalo. No entanto, as crises convulsivas, ao contrário das convulsões que podem ser causadas por diversos motivos – febre alta, infecções no cérebro, exposição a drogas ou substâncias tóxicas e etc – são fruto de uma lesão no cérebro, como, por exemplo, nos tumores. Este quadro é chamado de epilepsia sintomática. Aliado a esta, existem centenas de tipos de epilepsia catalogados; entretanto, Isabel escolheu estudar o tipo mais comum que acomete a população, a epilepsia do lobo temporal.

Ao longo da história a epilepsia foi vista por uma ótica de misticismo, o que ocasionou em uma improdutividade nas pesquisas acadêmicas. Somente no século XX que a indústria farmacêutica começou a se mobilizar em prol ao combate da doença; no entanto, no início do século XXI, mais de 30% dos pacientes ainda se mostravam resistentes aos medicamentos disponíveis no mercado. Tal fato motivou a procura por novas drogas anticonvulsivantes pela indústria e cada vez mais o canabidiol (CBD) se tornou objeto de pesquisa na academia.

Palestra

O processo metodológico de Isabel passa por experimentos com camundongos, que, a partir da introdução da pilocarpina (PILO), substância capaz de levar os animais ao Status Epilepticus (SE), para investigar a participação da enzima PI3K sobre crises convulsivas e sobre a produção de fatores neurotróficos e mediadores inflamatórios. Após induzir os roedores ao SE, foram aplicados testes de reconhecimento de objetos e de medo condicionado. Nessa primeira fase, chegou-se à conclusão de que 70% dos camundongos atingiram o SE e não houve morte. A respeito da PI3K conclui-se parcialmente que a sua ausência prejudica mecanismos de proteção.

No momento seguinte, o canabidiol foi inserido na pesquisa como forma de tratamento dos camundongos e também em experiências em vidro. A presença do CBD diminuiu convulsões induzidas por PILO, reduziu a morte neuronal nos animais e apresentou efeito neuroprotetor em vidro. Concluiu-se que o CBD pode atuar de forma direta ou indireta na diminuição de crises e na diminuição da morte neural.
A grande dificuldade da pesquisa foi obter o CBD, pois, mesmo com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da importação do CBD para fins medicinais, ainda há muita burocracia para a obtenção da substância para a pesquisa, sendo permitida a importação somente com autorização médica. Tais dificuldades fizeram com que a pesquisa se mantivesse focada na epilepsia de forma aguda induzida pela POLI.
“O intuito de um futuro prosseguimento da pesquisa envolve o estudo com a epilepsia em sua forma crônica, que só será possível com a obtenção de canabidiol em maior quantidade, o que será importante para entender os efeitos adversos do uso do CBD”, conta Isabel.
Fonte: Ufjf Notícias


quinta-feira, 13 de julho de 2017

INSS indenizará pessoa com epilepsia por cancelar auxílio-doença duas vezes

O INSS indenizará em R$ 5 mil um segurado por ter cancelado indevidamente o auxílio-doença do homem em duas ocasiões, afrontando decisão judicial. A decisão é da 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP e MS).
O autor da ação, que tem epilepsia refratária desde 2004, alegou que teve o beneficio cancelado três vezes indevidamente. Segundo ele, por causa disso, desenvolveu depressão, ante o temor, a angústia, a impotência e a insegurança de não saber se, sem esse dinheiro, conseguiria manter suas necessidades básicas e as de sua família.
O pedido de indenização foi negado em primeira instância, fazendo com que o segurado apelasse ao segundo grau. No TRF-3, ele alegou que os cancelamentos foram infundados, desarrazoados, desproporcionais e ilícitos, o que caracterizaria o dano moral.
O relator do processo no TRF-3, desembargador Johonsom Di Salvo, afirmou que o primeiro cancelamento foi legal. Explicou que o INSS pode cessar a concessão de benefícios previdenciários sempre que entender não terem sido preenchidos os requisitos necessários para a sua manutenção.
No entanto, após a primeira negação, o jurisdicionado ingressou com ação previdenciária, onde ficou decidido que o INSS deveria restabelecer o auxílio-doença. Para o magistrado, os dois outros cancelamentos pelo INSS afrontaram a decisão judicial.
“Na medida em que houve indevido cancelamento por duas vezes — afrontoso de decisão judicial — de benefício de natureza alimentar (auxílio-doença) devido à pessoa incapacitada de trabalhar (como motorista) por conta de epilepsia refratária, nada mais é preciso revolver para se constatar a evidente angústia derivada da impossibilidade de manter as necessidades pessoais básicas e da família, situação que vai muito além de um simples aborrecimento com alguma vicissitude da vida”, disse.
Com esse entendimento, o colegiado acatou a apelação do segurado e decidiu que o INSS deve reparar o dano moral sofrido pelo autor, pagando-lhe a quantia de R$ 5 mil, com juros de mora, desde o primeiro cancelamento indevido do benefício.

Fonte: Consultor Jurídico

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Município de Olinda quebra preconceito contra a epilepsia a partir da sala de aula

Três milhões de pessoas no Brasil sofrem com epilepsia. No mundo, 50 milhões passam pelo transtorno, segundo números divulgados pela Organização Mundial da Saúde. Apesar da grande quantidade de pessoas com a doença neurológica, poucas sabem como agir em caso de um ataque. Terça-feira (27.06), alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Lions Dirceu Veloso, nos Bultrins, em Olinda, receberam orientações de como lidar quando um colega sofrer ataque de epilepsia e formas de combater o preconceito.
Olinda é a pioneira no Brasil a receber o projeto de conscientização de epilepsia nas escolas. Com palestras informativas do Movimento de Apoio às Pessoas com Epilepsia de Pernambuco (MAPE-PE), em parceria com a Prefeitura de Olinda, através das secretarias de Saúde e de Educação, a ação chega à quarta escola municipal com este tipo de palestra. Para a coordenadora do MAPE-PE, Adriana Bachmann, é uma ótima oportunidade para tornar mais conhecida a doença e quebrar preconceitos.
“Vejo, de forma bastante positiva, a preocupação desta gestão de Olinda com a integração das minorias. A cidade é a primeira e, por enquanto, única com este tipo de trabalho nas escolas. Falamos para crianças, professores e pais. Essas crianças com epilepsia, quando têm um ataque, ficam com vergonha, não querem mais se socializar. Queremos quebrar o preconceito, passar a informação correta sobre a doença, como agir em caso de ataque, que poucos sabem. Temos que agir com normalidade. Qualquer um pode ter, de criança a idoso, e de todas as classes sociais”, destacou Bachmann.
A palestra abordou o conceito de epilepsia; mostrou curiosidades, como grandes famosos que tinham a doença – como Dom Pedro I e Machado de Assis -; os 30 tipos de convulsão; possíveis consequências dos ataques, entre outros. Um dos cerca de 50 alunos que assistiram à palestra foi o garoto Igor Inajá, de 18 anos. Com epilepsia desde criança, o jovem mostrou-se atento à palestra e se identificou quando foram apresentados vídeos com diversos tipos de crises epiléticas.
“Tomo remédios a cada oito horas para controlar a doença. Tudo que foi dito aqui na palestra eu sinto na pele. Achei muito importante, é legal para que meus amigos saibam como lidar quando eu tiver uma crise na sala de aula. Comigo, o ataque acontece muito forte”, relatou o aluno do 9º ano.
O momento mais marcante da tarde aconteceu após o fim da explicação de Bachmann. A pequena Bárbara Micaela, de 12 anos, chorava bastante no encerramento da palestra. “Meu tio tem convulsões. Quando ele tem crise, eu não sabia o que fazer, minha vó também. Ficávamos desesperadas. Agora consegui aprender”, contou, em meio às lágrimas, a estudante do 8º ano.
Para a professora Noêmia Souza, é importante a sensibilização nesta área. De acordo com ela, é importante que não apenas os alunos, como professores e toda sociedade saibam como lidar em caso de epilepsia. O aprendizado na escola pode ser utilizado a qualquer momento e em qualquer lugar.
“Há muitos anos trabalhamos a questão de respeitar as diferenças, inclusão e tolerância. Existem alunos com epilepsia e temos que sensibilizar os outros, ter o acolhimento dos colegas, que os outros alunos saibam lidar em caso de ataque, não ter preconceito. Não adianta apenas o professor estar ciente, pois não é todo momento que ele estará por perto. Isso pode acontecer na escola, no nosso bairro, em todos os lugares. Levaremos este aprendizado conosco para sempre”.
Portal Olinda