quinta-feira, 6 de julho de 2017

Município de Olinda quebra preconceito contra a epilepsia a partir da sala de aula

Três milhões de pessoas no Brasil sofrem com epilepsia. No mundo, 50 milhões passam pelo transtorno, segundo números divulgados pela Organização Mundial da Saúde. Apesar da grande quantidade de pessoas com a doença neurológica, poucas sabem como agir em caso de um ataque. Terça-feira (27.06), alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Lions Dirceu Veloso, nos Bultrins, em Olinda, receberam orientações de como lidar quando um colega sofrer ataque de epilepsia e formas de combater o preconceito.
Olinda é a pioneira no Brasil a receber o projeto de conscientização de epilepsia nas escolas. Com palestras informativas do Movimento de Apoio às Pessoas com Epilepsia de Pernambuco (MAPE-PE), em parceria com a Prefeitura de Olinda, através das secretarias de Saúde e de Educação, a ação chega à quarta escola municipal com este tipo de palestra. Para a coordenadora do MAPE-PE, Adriana Bachmann, é uma ótima oportunidade para tornar mais conhecida a doença e quebrar preconceitos.
“Vejo, de forma bastante positiva, a preocupação desta gestão de Olinda com a integração das minorias. A cidade é a primeira e, por enquanto, única com este tipo de trabalho nas escolas. Falamos para crianças, professores e pais. Essas crianças com epilepsia, quando têm um ataque, ficam com vergonha, não querem mais se socializar. Queremos quebrar o preconceito, passar a informação correta sobre a doença, como agir em caso de ataque, que poucos sabem. Temos que agir com normalidade. Qualquer um pode ter, de criança a idoso, e de todas as classes sociais”, destacou Bachmann.
A palestra abordou o conceito de epilepsia; mostrou curiosidades, como grandes famosos que tinham a doença – como Dom Pedro I e Machado de Assis -; os 30 tipos de convulsão; possíveis consequências dos ataques, entre outros. Um dos cerca de 50 alunos que assistiram à palestra foi o garoto Igor Inajá, de 18 anos. Com epilepsia desde criança, o jovem mostrou-se atento à palestra e se identificou quando foram apresentados vídeos com diversos tipos de crises epiléticas.
“Tomo remédios a cada oito horas para controlar a doença. Tudo que foi dito aqui na palestra eu sinto na pele. Achei muito importante, é legal para que meus amigos saibam como lidar quando eu tiver uma crise na sala de aula. Comigo, o ataque acontece muito forte”, relatou o aluno do 9º ano.
O momento mais marcante da tarde aconteceu após o fim da explicação de Bachmann. A pequena Bárbara Micaela, de 12 anos, chorava bastante no encerramento da palestra. “Meu tio tem convulsões. Quando ele tem crise, eu não sabia o que fazer, minha vó também. Ficávamos desesperadas. Agora consegui aprender”, contou, em meio às lágrimas, a estudante do 8º ano.
Para a professora Noêmia Souza, é importante a sensibilização nesta área. De acordo com ela, é importante que não apenas os alunos, como professores e toda sociedade saibam como lidar em caso de epilepsia. O aprendizado na escola pode ser utilizado a qualquer momento e em qualquer lugar.
“Há muitos anos trabalhamos a questão de respeitar as diferenças, inclusão e tolerância. Existem alunos com epilepsia e temos que sensibilizar os outros, ter o acolhimento dos colegas, que os outros alunos saibam lidar em caso de ataque, não ter preconceito. Não adianta apenas o professor estar ciente, pois não é todo momento que ele estará por perto. Isso pode acontecer na escola, no nosso bairro, em todos os lugares. Levaremos este aprendizado conosco para sempre”.
Portal Olinda

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