Na próxima segunda (26), um encontro no Jockey, às 20h, promete
tratar sobre um assunto que ainda é tabu para muita gente, apesar de
afetar 50 milhões de pessoas em todo o mundo segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Dia
Mundial da Epilepsia, a atriz Júlia Almeida, que recentemente
interpretou Eva em Tempo de Amar, organiza o evento Purple Day, que
reunirá profissionais renomados da área da saúde para falar sobre a
condição neurológica.
A ação terá a presença do neurologista Eduardo Faveret, da
nutricionista Luciana Neves, da psicóloga Carmen Lent e do professor de
meditação Bernardo Repetto, que darão dicas de saúde para quem tem
epilepsia e busca uma melhor qualidade de vida. Diagnosticada há oito
anos atrás, Júlia criou o evento para compartilhar suas experiências com
o intuito de desmistificar o tema e incentivar o debate sobre o
assunto. Em um papo com Veja Rio, a filha do escritor Manoel Carlos
revelou alguns detalhes sobre sua rotina e sobre como lida com a
condição. Confira abaixo:
Como descobriu que tinha epilepsia?
Tive três meningites quando era pequena, o
que contribuiu para o desenvolvimento da epilepsia tempos depois, mas
só fui diagnosticada com 27 anos, depois de algumas crises. Não tenho
parentes com essa condição, mas isso também pode se desenvolver por
fatores hereditários.
Como foi sua primeira crise?
Simplesmente apaguei e depois acordei com as pessoas em volta. Foi um
susto muito grande, mas não lembro de nada durante a convulsão.
Continuei levando minha vida da mesma maneira e demorei um pouco para
encarar isso. Depois, vieram outras crises e confesso que passei por um
período de aceitação (cair a ficha) nos últimos três anos. Se você tiver
pelo menos duas convulsões que não foram provocadas, procure um
especialista (neurologista) para que o tratamento seja iniciado, porque
provavelmente você tem epilepsia.
Atualmente, qual a frequência de suas crises?
Faz um ano que não tenho crises e venho
encontrando um equilíbrio de vida muito bom, que envolve desde uma boa
alimentação a um sono saudável. Tomava cinco tipos de remédio, cinco
vezes por dia. Hoje só tomo duas vezes. Esse processo de diminuição da
medicação é importante para achar esse equilíbrio. Tudo caminha junto.
Uma fase importante desse período é lidar com os efeitos colaterais
desses anti-convulsivantes. Eles nos deixam cansados, grogues, lentos.
Já teve alguma crise que te assustou?
Cada crise é uma história diferente. Já
perdi aniversário por isso. A última vez, há um ano atrás, foram quatro
crises uma atrás da outra, cada uma com 20 minutos. Em todas a gente
perde a noção do tempo. E depois, tem um sentimento que você carrega por
alguns dias. Fica com dor de cabeça. Além das crises comuns, tem também
a ausência, que ocorre quando não há convulsão. Você pode estar andando
e ter. Você simplesmente continua andando. Seu corpo está alí, mas você
não. Uma vez eu estava ao lado de uma amiga, mexendo no celular, e tive
uma ausência. Ela não soube como lidar comigo. Continuei alí do lado,
segurando o celular, olhando para ele, mas falava coisas descoordenadas.
Já teve vez que “acordei” em um ambiente totalmente diferente, com
pessoas ao meu redor e eu simplesmente não lembrava do que tinha
acontecido.
O que mudou na sua vida desde o diagnóstico?
A partir da primeira crise eu já comecei a
me medicar, mas passei por uma fase de negação, até que a ficha caiu.
Eu tenho isso e preciso mudar minha vida. Preciso melhorar minha
situação. Por exemplo, sou bem agitada, então preciso me controlar em
alguns momentos, dormir melhor. Achar um meio termo.
Como é o tratamento?
Se medicar nos horários certos é muito
importante, assim como dormir e se alimentar bem. Faço terapia e indico
para quem é diagnosticado. Também acho muito importante conversar com
pessoas que tem a mesma condição, para ver que você não está sozinho e
não se vitimizar.
Purple Day – Jockey Club Brasileiro. (Auditório) – Praça Santos Dumont, 31 – Gávea. Segunda (26), às 20h. Grátis
Fonte: Veja Rio
Nenhum comentário:
Postar um comentário