Um estudo publicado nesta segunda-feira
(13) por uma revista científica internacional mostra como o trabalho
desenvolvido por pesquisadores de Campinas, em São Paulo, pode ajudar a
entender o funcionamento do cérebro.
Abílio tem um tipo de
epilepsia resistente a medicamentos usados para controlar as crises. Ele faz
tratamento, mas não se sente seguro. “Tenho muito medo porque, às vezes eu fico
nervoso e, se eu saio um pouquinho nervoso, já fico com medo de me dar crise na
rua, em algum lugar”, diz.
Uma das dificuldades para
tratar não só a epilepsia, como outras doenças neurológicas, é a complexidade
do cérebro. “Sem sombra de dúvida é o órgão mais complexo que existe no
organismo humano e é ainda um órgão, comparado com outros, relativamente
desconhecido. Porque ele é de difícil acesso”, afirma Iscia Lopes Cendes,
médica geneticista da Unicamp.
Dentro do nosso cérebro há uma
rede de comunicação celular cheia de ramificações, com conexões específicas e
dinâmicas que regulam todas as funções do nosso corpo. Pela primeira vez,
pesquisadores conseguiram visualizar parte desses circuitos de neurônios em
atividade e como eles são afetados pela epilepsia. Um grande avanço para
entender melhor como o nosso cérebro funciona.
Até agora era necessário
fatiar fisicamente partes de cérebro para analisar as células. Os cientistas do
Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais de Campinas usaram um
acelerador de partículas para fazer microtomografias por raios-x capazes de
mostrar os neurônios com precisão. A partir disso, eles obtêm imagens
tridimensionais da organização das células dentro do cérebro.
“Se a gente quer procurar
curas para as doenças, primeiro a gente tem que entender exatamente como elas
funcionam”, explica o pesquisador Matheus de Castro Fonseca.
Os resultados foram publicados
na revista “Nature Science Reports”. Embora a técnica tenha sido usada para
visualizar a região do cérebro que desencadeia a epilepsia, ela também abre
novas perspectivas para entender como ocorre a morte de neurônios, que provoca
doenças como Parkinson e Alzheimer.
“Conseguindo quantificar essas
células morrendo ao longo do processo de neurodegeneração, eu consigo
acompanhar a progressão da doença, eu consigo saber também exatamente qual região
do cérebro é afetada pela morte dessas células e, talvez no futuro, eu consiga
controlar essa morte neuronal”, diz Matheus.
Fonte: G1
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