quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Pesquisa propõe novas estratégias para tratamento de epilepsia

Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo mundo são diagnosticadas com epilepsia. A patologia é, portanto, considerada pela OMS como uma das doenças neurológicas mais comuns no planeta.
Com o intuito de encontrar  novas perspectivas para o controle da epilepsia, pesquisadores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) desenvolveram um estudo que apresentou novas estratégias para otratamento dos portadores de epilepsia de lobo temporal.
A pesquisa intitulada “Efeito do bloqueio dos cotransportadores NKCC1 e KCC2 nas atividades epileptiformes não sinápticos” foi desenvolvida no Laboratório de Neurociência, no Campus Dom Bosco, como parte da tese de doutorado de Samyra Giarola Cecílio. Ela explica que durante o estudo, foi investigada a atuação de um diurético que inibe crises epiléticos.
“Na nossa pesquisa investigamos a ação de um diurético conhecido (furosemida) no nosso modelo de epilepsia, que é o modelo de zero cálcio e alto potássio. Esse diurético é conhecido por inibir vários modelos de crises, tanto in vitro como in vivo. Nos nossos experimentos, a furosemida também bloqueou as crises. Mas o que descobrimos é que ela não bloqueia as crises por inibir duas proteínas na membrana que regulam o transporte de íons, como é divulgado atualmente na literatura. Em nossos experimentos observamos que o bloqueio é devido à atuação do diurético em duas outras proteínas que regulam o pH dos neurônios”, detalha Samyra.
Ao todo quatro pesquisadores trabalharam no estudo: Samyra Giarola Cecílio, aluna de doutorado da Universidade, Luiz Eduardo Canton Santos (aluno de pós-doutorado) e os dois professores/orientadores: Antônio-Carlos Guimarães de Almeida e Antônio Marcio Rodrigues.
Segundo o orientador Antônio-Carlos Guimarães, a pesquisa aponta para a desenvolvimento de medicamentos sem efeitos colaterais. “O ponto central do projeto é a identificação do mecanismo de atuação anti-epileptogênica da furosemida. Embora essa droga tenha uma ação muito eficiente, os efeitos colaterais, basicamente os efeitos diuréticos, a inviabilizam. Mas a identificação do alvo antiepilético permite desenvolver drogas de ação sobre esse mesmo alvo e sem os efeitos colaterais. Essa é a grande perspectiva que o estudo oferece”, defende o pesquisador.

Trabalho Reconhecido
No final do mês passado, Samyra Giarola Cecílio foi premiada pela pesquisa no XXVI Congresso de Engenharia Biomédica, organizado pela Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica (SBEB). A aluna recebeu o prêmioCientista Cândido Pinto de Melo, o mais importante concedido pela sociedade, por seu trabalho que aborda o controle da epilepsia.
Para a cientista, o prêmio foi uma forma de reconhecimento da importância de sua pesquisa para a área da saúde. “Receber este prêmio foi de alegria para mim, uma vez que possibilitou uma maior divulgação e conhecimento da nossa pesquisa. A divulgação desses achados oferece novas perspectivas para a área clínica e saúde da população, uma vez que aponta novos alvos para o controle da epilepsia“, comemora Samyra.

Fonte: Minas Faz Ciência


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