quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Neurónios feitos a partir de células estaminais podem suprimir convulsões

Uma equipe de cientistas descobriu que o transplante de neurónios derivados de células estaminais no cérebro suprimiu as convulsões em modelos animais.
Cerca de 3,4 milhões de americanos sofrem de epilepsia e em Portugal estima-se que sejam cerca de 50 mil. Apesar de a maioria dos pacientes responderem positivamente à medicação, entre 20 a 40% dos doentes continuam a ter convulsões, mesmo depois de experimentarem vários medicamentos anticonvulsivos.

Mesmo no casos em que a medicação funciona, os pacientes podem desenvolver problemas cognitivos, de memória e depressão.
As convulsões acontecem quando os neurónios excitatórios no cérebro disparam em demasia e os neurónios inibitórios – os que “dizem” aos neurónios excitatórios para pararem de disparar – não são tão abundantes ou não operam eficazmente. O principal neurotransmissor inibitório no cérebro é o GABA, abreviatura de ácido gama-aminobutírico.
Durante a última década, os cientistas aprenderam a criar células estaminais pluripotentes induzidas a partir de células adultas comuns, como uma célula da pele. Estas células estaminais podem então ser persuadidas para se tornarem um qualquer tipo de célula do corpo, incluindo neurónios que usam GABA, chamados interneurónios GABAérgicos.
Desta forma, os cientistas transplantaram “células progenitoras GABAérgicas derivadas de células estaminais pluripotentes induzidas pelo homem no hipocampo num modelo animal de epilepsia do lobo temporal precoce”, explicou Ashok K. Shetty, professor do departamento de medicina molecular e celular da Texas A&M University.
“Esta experiência funcionou muito bem e foi eficaz na supressão de convulsões, melhorando a função cognitiva e de humor na fase crónica da epilepsia”, afirmou, citado pelo Futurity.
Uma das vantagens deste processo é que as células podem ser obtidas “de um só paciente”. Este tipo de processo – transplante autólogo – anula o risco de rejeição de novos neurónios, sendo que o paciente não precisaria de tomar medicação antirrejeição.
Apesar de ser necessária muito mais pesquisa, os cientistas consideram que esta investigação, cujos resultados foram publicados recentemente na PNAS, mostra que os pacientes podem, no futuro, ser tratados com as suas próprias células para combater os efeitos devastadores da epilepsia, e, possivelmente, de outras doenças como Parkinson e Alzheimer.
Fonte: Zap

Nenhum comentário:

Postar um comentário