“Para isso, não somente a estrutura hospitalar tem que ser de alta complexidade, mas os médicos envolvidos têm que ter treinamento específico para saber como operar epilepsia e como interpretar os sinais do cérebro em tempo real”, comenta o neurocirurgião José Wesley Lemos dos Reis, que foi responsável pelo procedimento, junto com o neurocirurgião Felipe Guardini e o neurofisiologista e epileptologista Bruno Gumiero.
A primeira cirurgia do Mato Grosso foi realizada no Complexo Hospitalar de Cuiabá, em Cuiabá, onde um paciente teve todo o seu lobo temporal exposto e uma malha de eletrodos foi colocada na sua superfície e assim foi possível obter em tempo real a atividade do cérebro e definir qual região é que tem a atividade anormal.
“Após essa identificação, inicia-se o processo de desconexão das estruturas e retirada da área doente. O interessante nesta cirurgia é que ela é realmente o que chamamos de funcional e não puramente anatômica. Não retiramos regiões por pura anatomia como é na cirurgia de esclerose mesial temporal, mas por dados elétricos. Por isso que esta cirurgia é chamada em uma livre tradução do inglês, como ressecção cerebral guiada por eletrocorticografia. Uma das coisas mais interessantes desta cirurgia não é somente o fato de a gente ter a atividade e a área anormal em tempo real, mas sim o fato de que depois que cirurgião a retira, a atividade anormal desaparece. Esse é considerado o objetivo cirúrgico mais importante”, comenta o neurocirurgião José Wesley.
Segundo ele, as outras cirurgias para epilepsia também são, sim, importantes. E que, às vezes, cirurgias mais simples podem trazer resultados muito bons. Mas, devido ao grau de especialização dos profissionais envolvidos e a estrutura hospitalar para realizar esta cirurgia em questão, podemos dizer que são poucos os locais no Brasil capazes de fazer este tipo específico, pois são necessárias condições muito restritas, como a investigação adequada do paciente por um neurologista especializado em epilepsia, que identifica previamente a cirurgia a possível zona de abordagem da cirurgia. Sem falar que durante a cirurgia deve se ter uma anestesia apropriada, neurocirurgiões habilitados para operar epilepsia e o neurofisiologista para monitorizar em tempo real o cérebro confirmando durante a cirurgia a extensão da área a ser ressecada, com menor grau de incapacidade ao paciente no pós operatório.
Sobre a evolução do (a) paciente, o neurocirurgião se restringe a dizer que ele está bem e que o resultado sobre sua epilepsia só será visto em meses ou anos, como é no mundo inteiro.
Fonte: Gazeta Digital
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