Tratamento sem carboidrato tem
indicações próprias e até 25% dos pacientes que fazem a dieta podem
deixar de tomar medicações de controle
Estima-se que 30% dos casos de epilepsia
seja refratária, ou seja, aquela que não é passível de controle por
medicamentos. Esses pacientes possuem atualmente três opções de
tratamento: cirurgias corretivas, dieta cetogênica ou uso de
estimuladores do sistema nervoso central. Essa segunda alternativa tem
se mostrado altamente eficaz em adultos e crianças por todo o mundo:
metade das pessoas que fazem a dieta apresenta melhora significativa com
diminuição de até 50% na quantidade das crises e entre 10 e 25% dos
pacientes simplesmente ficam livres delas.
Dessa forma, os departamentos de
neurologia com ênfase nas epilepsias estão aprimorando seus
“ceto-centros” que oferecem acompanhamento multiprofissional capacitado
para indicação e orientação da dieta cetogênica.
Para a neurologista infantil Letícia
Brito Sampaio, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São
Paulo, a Dieta Cetogênica pode ser a solução para pacientes refratários
às medicações antiepiléticas, com controle das crises e melhora na sua
qualidade de vida. “Os números são extremamente positivos e não podem
ser ignorados. Entre 50 e 70% das crianças que fazem a Dieta Cetogênica
apresentam redução significativa das crises (até 50%) e 25% ficam livres
delas”, afirma Dra Letícia.
Outra informação relevante é que entre
20 e 60% dos pacientes que fazem a Dieta Cetogênica podem deixar de
tomar outros medicamentos de controle, o que beneficia principalmente
aos que apresentam intolerância às drogas antiepiléticas (efeitos
colaterais).
A Dieta Cetôgenica para epilepsia existe
desde 1921. Ela voltou a ser muito utilizada desde o início da década
de 90 porque, mesmo com o surgimento de diversos medicamentos, cerca de
um terço dos pacientes ainda apresentam o tipo refratário da doença.
Como funciona
A Dieta Cetogênica é uma dieta
terapêutica precisamente calculada com base na altura, idade e peso
paciente. É rica em gorduras, moderada em proteínas e pobre em
carboidratos. São incluídos alimentos como carnes, ovos, creme de leite
fresco, azeite, verduras e frutas. Já doces e massas estão
definitivamente proibidos.
O objetivo é fazer com que o cérebro
tenha como fonte principal de energia as cetonas (provenientes da
gordura) e não a glicose (presente, principalmente, nos carboidratos). É
esse quadro de cetose que reduz e até interrompe as crises epiléticas.
O principal desafio do tratamento com a
Dieta Cetogênica é a disciplina, já que é necessária fazer uma mudança
radical nos hábitos alimentares, praticamente eliminando a ingestão de
carboidratos. Alguns pacientes apresentam hipoglicemia, acidose
metabólica, vômitos e refluxos gastrointestinais. “Todos esses sintomas
são passíveis de controle e prevenção. Então, é importante que pacientes
e familiares persistam na dieta por pelo menos três meses até que se
possa avaliar a eficácia no controle das crises”, afirma Dra Letícia.
É importante lembrar que a suplementação
vitamínica é fundamental para o equilíbrio nutricional dos pacientes.
Além disso, são feitos exames de sangue periódicos para avaliar todas as
taxas e diariamente o próprio paciente faz o controle da Cetose com uma
medição na urina.
Geralmente, o tratamento com base na
Dieta Cetônica é feito por até dois anos e, depois disso, avalia-se o
retorno gradativo à uma alimentação nutricional saudável e balanceada.
Dieta cetogênica são eliminados todos os
alimentos com carboidratos como pão ou arroz, e quando o organismo não
tem carboidratos, fica em um processo chamado de cetose porque o corpo
passa a queimar a gordura que utiliza como fonte de energia ao invés do
açúcar.
Fonte: Portal Nacional de Seguros
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