Cientistas
sugerem num novo estudo divulgado que o processo de formação de
novos neurônios no cérebro (neurogênese) diminui durante a infância e é
indetetável em adultos, contrariando a tese de que ocorre ao longo da
vida.
No estudo, publicado na
revista Nature, a equipe científica analisou 59 amostras de tecido
cerebral de uma região específica, o hipocampo, considerado essencial
para a aprendizagem e a memória e onde os especialistas têm procurado
indícios de que novos neurônios (células cerebrais) continuam a nascer
ao longo da vida.
Segundo a
investigação, o nascimento de novos neurônios no hipocampo humano cai na
infância e a neurogénese em adultos, observada em aves e roedores,
aparentemente não ocorre em pessoas, assinala em comunicado a
Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que lidera o trabalho.
"Se
a neurogénese é tão rara que não podemos detetá-la [nos adultos],
poderá estar realmente a desempenhar um papel importante na plasticidade
ou na aprendizagem e memória no hipocampo?", pergunta um dos coautores
do estudo, Shawn Sorrels, citado pela universidade.
No
estudo, que levanta novas questões sobre o funcionamento do cérebro
humano, foram analisadas 37 amostras de tecido do hipocampo de cadáveres
e 22 amostras de tecido da mesma região cerebral removidas
cirurgicamente de doentes com epilepsia. As amostras de tecido são de
recém-nascidos, crianças, jovens e adultos.
Os
investigadores estudaram alterações no número de neurônios
'recém-nascidos' e de células estaminais neuronais (que dão origem a
neurônios), desde antes do nascimento até à fase adulta, usando uma
variedade de anticorpos para identificar células de diferentes tipos e
estados de maturidade. Foi também analisada a forma e a estrutura das
células.
A equipe constatou que a
neurogénese abundava no desenvolvimento pré-natal do cérebro e em
recém-nascidos, ao observar uma média de 1.618 neurônios 'jovens' por
milímetro quadrado de tecido cerebral no momento do nascimento.
Contudo,
o número de células recém-nascidas cai significativamente nas amostras
de tecido cerebral obtidas durante os primeiros anos de vida: o número
de novos neurônios numa criança de 2 anos era cinco vezes menor do que o
verificado em recém-nascidos.
Os
cientistas sustentam que o declínio do processo de formação de novos
neurônios no cérebro continua na infância, com o número de novas células
a diminuir 23 vezes entre 1 e os 7 anos de idade e mais 15 vezes aos 13
anos, idade em que os neurônios parecem ser mais maduros do que os
observados nas amostras de cérebros ainda mais jovens.
Os
autores do estudo constataram também que havia apenas 2,4 novos
neurônios por milímetro quadrado de tecido do hipocampo no começo da
adolescência, não tendo encontrado vestígios de neurônios
'recém-nascidos' em nenhuma das amostras de tecido cerebral de cadáveres
de jovens de 17 anos ou das amostras de tecido extraídas cirurgicamente
de 12 doentes adultos com epilepsia.
Ao
focarem-se nas células estaminais neuronais, descobriram que são
abundantes durante o desenvolvimento cerebral pré-natal, mas são
extremamente raras no início da infância.
Fonte: Diário de Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário