quarta-feira, 1 de abril de 2015

'O preconceito ainda é grande', diz jovem com epilepsia

Quem convive com epilepsia se vê obrigado a enfrentar, além dos sintomas da doença, o preconceito da sociedade. Segundo a publicitária Liana Toscano, de 28 anos, algumas pessoas têm medo de se aproximar durante as crises pois acham que é contagioso. "Mas não é", garantiu a jovem. Semana passada na quinta-feira (26/03), pessoas que convivem com epilepsia realizaram em todo o mundo uma ação com o objetivo de divulgar informações e combater o preconceito com a doença. O ‘Dia Roxo’, como é chamada a ação, surgiu em 2008, no Canadá, e é realizado no Brasil desde 2011.
A escolha do roxo remete à lavanda, a cor internacional da epilepsia, dado ao fato que a flor lavanda remete a um sentimento de isolamento e solidão, frequentemente vivenciado pelas pessoas com epilepsia.

Algumas pessoas têm medo de se aproximar durante as crises pois acham que é contagioso, mas não é"
Liana Toscano,
publicitária
“O preconceito ainda é grande", lamentou Liana. Ela sofre crises de epilepsia desde criança, mas só foi diagnosticada com a doença há quatro anos. “Passei por diversos profissionais que não conseguiram identificar o que causava as crises. Só aos 24 anos é que um neurologista detectou que eu tinha epilepsia”, comentou.
Segundo a publicitária, a maior parte das pessoas que têm preconceito são as que confundem a doença, que é neurológica, como sendo algo psicológico. “Muita gente não conhece a doença e acha que é coisa de pessoas com problemas mentais e até mesmo que é contagioso. Por isso é importante divulgarmos informações sobre a epilepsia, para que as pessoas conheçam sobre a doença e saibam como ajudar num momento de crise”, comenta.
Liana conta que antes de ser diagnosticada e realizar o tratamento adequado, chegava a tomar cerca de 13 comprimidos por dia e não controlava as crises. “Teve uma vez que tive nove crises no mesmo dia. Depois do diagnóstico, passei a tomar apenas quatro comprimidos e as crises foram reduzindo ao ponto que passei cinco meses sem nenhuma”, explicou.
A jovem também explica que o controle das crises e da doença é mais fácil com o apoio de familiares e amigos. “Este apoio é muito importante pra mim. Já tive crises dentro do trabalho e depois que os colegas aprenderam a me ajudar durante estes momentos, ficou mais fácil conviver com a epilepsia e não se sentir isolada por ter a doença”, concluiu Liana.
Sobre a doença
O neurologista Erasmo Barros explica que a epilepsia é uma doença neurológica passível de tratamento que possui controle na maioria dos casos. “A epilepsia tem causa variável e a evolução da doença se dá também de forma variável dependendo da causa. Em até 70% dos diagnósticos, com tratamento medicamentoso ou cirúrgico, as crises param totalmente”, disse.
O médico também explica que há uma diferença entre uma crise convulsiva e a epilepsia. “Nem toda crise convulsiva quer dizer que a pessoa sofre de epilepsia. Em casos isolados, a crise pode ter outra origem. Se houver recorrência, é necessário fazer uma investigação para saber se a pessoa tem epilepsia”, diz.
A neurologista Bianca Oliveira, comenta sobre a diferença entre as crises. "Há dois tipos de crise, as convulsivas, onde o paciente cai e se debate, e as não-convulsivas, onde os pacientes descrevem uma sensação de 'blecaute' ou 'ausência'. A maioria das pessoas tem a tendência a tentar puxar a língua do paciente que está se debatendo, mas não recomendamos fazer isso, pois a pessoa em crise pode involuntariamente acabar mordendo o dedo de quem tenta ajudar e causar uma lesão séria", explica.
Oliveira orienta as pessoas sobre como ajudar alguém que esteja em uma crise convulsiva. "O que deve ser feito é deitar o paciente de lado, para evitar que a pessoa se sufoque com a salivação excessiva e protegê-la para evitar que se machuque, afastando objetos próximos que possam causar lesões no paciente. Uma crise normal dura cerca de 5 minutos. Se passar deste tempo ou se acontecer crises seguidas uma da outra, a pessoa deve ser levada para a emergência, para que sejam feitos exames para identificar as causas da convulsão", completa a médica.
Fonte: G1




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