quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Maioria dos extratos de maconha vendidos online não tem quantidades indicadas de canabidiol

Nos últimos anos, houve um grande aumento no interesse sobre o uso medicinal do cannabidiol (CBD), composto químico encontrado na planta Cannabis sativa, conhecida popularmente como maconha. Isso se dá porque há, atualmente, evidências dos benefícios médicos. Além disso, o composto não proporciona o "barato" da maconha ou que causaria dependência. Pesquisas recentes mostram os potenciais efeitos terapêuticos do CBD para crianças com raros transtornos convulsivos e em pacientes  com diversas condições em que a cannabis ou o CBD tenham trazido benefícios de saúde.
 Especialistas estimam que a produção do mercado de CBD vá crescer mais de $2 bilhões em vendas nos próximos três anos. Por outro lado, pouco se tem feito em termos de regulação e supervisão da venda de produtos a base de CBD. Nos Estados Unidos, a razão principal para isso é que o composto é atualmente classificado como substância controlada e perigosa pela DEA (agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas), apesar de legalizada para uso medicinal em muitos estados. Diante disso, muitas pessoas não têm acesso a lojas que vendam produtos com o composto e, por isso, contam apenas com quem venda os produtos pela internet.
Um novo estudo de um pesquisador da Penn Medicine, na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, publicado esta semana, aponta que cerca de 70% dos produtos a base de cannabidiol vendidos online não tem as quantidades indicadas de canabidiol, causando sérios prejuízos aos seus consumidores. Marcel Bonn-Miller, um professor assistente de “Psicologia em Psiquiatria” e autor principal no estudo, acredita que a rotulagem inadequada nestes produtos é um resultado da ausência de regulação e supervisão adequadas.
"O grande problema, com isso não sendo algo legal em âmbito federal, é que a qualidade necessária garantida sob a supervisão da FDA (a administração de alimentos e drogas dos EUA) não está disponível. Não há padrões atualmente para a produção, testagem ou rotulação desses óleos," disse Bonn-Miller. "Mas se você compra uma barra de chocolate de uma marca conhecida, sabe que foi verificada; sabe quantas calorias têm nela, os ingredientes e a quantidade deles. Se a venda desses produtos é sem supervisão, não há como saber o que tem, de fato, dentro do frasco. É uma loucura ter menos supervisão e informação sobre um produto que está sendo amplamente utilizado para fins medicinais, especialmente em crianças muito doentes."
Bonn-Miller e sua equipe de pesquisadores conduziram por um mês buscas na internet para identificar e comprar produtos a base de CBD disponíveis online, que incluem a quantidade de CBD na embalagem. Eles compraram e analisaram 84 produtos de 31 companhias diferentes e descobriram que mais de 42% dos produtos estavam “sub-rotulados”, o que significa que o produto possuá maior concentração de CBD do que o indicado.
Outros 26% dos produtos estavam 'sobre-rotulados', o que significa que tinham menor concentração de CBD que o indicado. Apenas 30% deles continham um conteúdo que estava dentro de 10% da quantidade listada no rótulo.
Por mais que estudos não apontem danos resultantes do uso em excesso de CBD, produtos contendo ou muito pouco ou demais do que o rotulado podem anular os possíveis benefícios clínicos para os pacientes.
"As pessoas estão usando como remédio para muitas condições (como ansiedade e dores)," Bonn-Miller explicou. "Mas muitos desses pacientes podem não estar recebendo a dosagem adequada: não estão tomando a quantidade suficiente para que seja efetivo ou estão tomando demais."
De acordo com o pesquisador, muitos produtos também contêm signfiicante quantidade de THC, substância presente na cannabis responsável por dar “barato” e que pode trazer danos cognitivos e outros efeitos colaterias. "Como é dada para criançias para tratar crises de epilepsia, pais podem estar dando THC aos seus filhos sem nem saber".

Fonte: Extra

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